O PRIMEIRO LIVRO IMPRESSO FOI...
...a Bíblia, em 1454, quando GUTEMBERG inaugurou a máquina de imprimir - teve sorte, a gráfica progrediu; da segunda edição apenas restaram dois exemplares, um na França e outro nos Estados Unidos; da terceira edição há exemplares na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; em 1517, editada na Espanha, sete volumes em hebraico, grego e latim, com dicionário e comentários, também exemplar no Rio. Há edições até mesmo fora do mundo cristão, como no zíngaro, idioma cigano, e no sânscrito, que não falam mais. Bíblos é uma cidade fenícia, importantíssimo porto comercial dos tempos antigos e centro da distribuição do papiro e gípcio; a palavra egípcia “papiro” virou “papel’, mas os gregos chamavam o papel de “biblon”, no plural ficou “bíblia”, como passaram a se chamar os livros sagrados.
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O povo hebreu, israelita ou judaico ocupava estreita faixa de terra entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão, perto dos montes do Líbano, neve eterna, e o deserto de Neguev, rochas e calor. Solo infértil, colinas irregulares, mas... a Terra Prometida!
Os povos semitas do Oriente Médio era politeístas e cada deus particular de um grupo era “el”, significando ‘dirigir-se a algo elevado’, ao mesmo tempo meio e fim, caminhada e alvo. Para facilitar a união de grupos de deuses diferentes, fundiram os deuses existentes e assim el-Chaddai tornou-se absoluto e onipresente, em seguida recebeu o nome abstrato de JHVH, nascido de “hvh”, verbo ‘ser’ não conjugado no presente que segundo os semitas é um tempo tão rápido que não chega a existir: só Deus pode dizer “Eu sou aquele que sou”, porque ele é a eternidade do tempo. Assim, Jeová escolheu e legitimou o seu povo e livros contariam a história desse povo, seus poemas e leis.
Quatro mil anos antes da religião cristã, um homem rico chamado Taré fez longa viagem, desde Ur, Caldeia, até Aram, deserto sírio - família e muitos escravos; citado de leve no Gênesis. Morreu em Aram, o filho Abraão atravessou o rio Eufrates e foram todos para Canaã, região habitada pelos canaanitas, erguer um altar para Jeová - na língua semítica, passaram a ser “ivri” (hebreus), ‘os que atravessaram o rio’. Depois, o neto Jacó viu Deus na sua frente, lutou ousado contra ele e o próprio Deus o chamou de Isra-el, ‘aquele que se opôs a Deus’, gerando o nome do povo. Para escaparem da fome, os filhos de Israel foram para o Egito, ali oprimidos e escravizados, pois os faraós, soberanos absolutos, eram considerados filhos de deuses, porém um parente de faraó virou monoteísta e passou a defender os escravos: Moses ou Moisés. Liderou escravos israelitas e foram em busca da liberdade. Tabernáculo, religião portátil, era uma tenda desmontável, com um castiçal de 7 velas (símbolo da criação do mundo em 7 dias) e a Arca da Aliança para guardar os 10 mandamentos, mais tarde esse Tabernáculo andarilho foi guardado no Templo de Jerusalém. Ora, 40 anos vagando pelo deserto... morreram os ex-escravizados, inclusive Moíses, e somente homens livres chegariam à Terra Prometida. Doze tribos ocuparam o país, com destaque para a tribo de Judá que habitou... a Judeia. A Bíblia narra a história desse povo, suas revoltas-glórias-derrotas, fatos-lendas-poemas-provérbios-genealogias-estatísticas-preceitos de moral... profanos cantos de amor... Os gregos (?) deram os nomes aos primeiros cinco livros da Bíblia com base na essência de cada um: Gênesis, a criação do mundo; Êxodo, saída do Egito; Levítico, leis destinadas aos levitas; Números, estatísticas e datas; Deuteronômio, segunda lei ou repetições. Na época pré-histórica, o caos na terra, a criação do homem, o dilúvio - este Pentateuco vai do século 21 ao 12 a. C., ou seja, da viagem de Taré à chegada à margem oriental do rio Jordão, após fuga do Egito - fontes em escritas antigas e na maioria séculos de tra nsmissão oral - compilações (e complicações?) de épocas, lugares e pontos de vista diferentes.
Em nome de Deus, os israelitas invadiram a terra de Canaã e os povos que ali viviam - cananeus e outros - foram exterminados, assimilados, escravizados ou expulsos, apenas ainda resistiriam os filisteus ou palestinos (em hebraico, “pelichtim”). São tribos lutando pela sobrevivência, lutas chefiadas por juízes, não magistrados, mas líderes guerreiros. A agricultura fez com que criassem (trocadilho casual)... raízes, a família agora como unidade básica social. Saul reinou sobre as tribos, ungido por Samuel, “homem de Deus”. Depoi s, o rei Davi, poder central, se apodera de Jerusalém - monarquia e dinastia. Mais tarde, os babilônios derrotam a Judeia e Jerusalém é destruída. Exilaram-se às margens do Eufrates, almejando reconquistar a Terra Sagrada sob a chefia de um rei imaginário - ungido, legítimo, da dinastia de Davi, o messias, o salvador do povo judeu, que defenderá na Terra todos os injustiçados e perseguidos. A cultura grega logo traduzirá o hebraico “mecháh” para o grego “christos”. Em meados do século 3 a. C., 70 sábios judeus de Alexandria, no Egito, passam isoladamente a traduzir a Bíblia do hebraico para o grego e, como diz a lenda, 70 trabalhos absoluta e milagrosamente iguais, a chamada Versão dos Setenta. Até 300 anos depois de Cristo, as traduções lati nas eram baseadas nesse texto grego, até São Jerônimo fazer uma tradução do hebraico em latim vulgar, a Vulgata.
O cristianismo agitou o mundo greco-romano, uma infinidade de obras religiosas foram escritas e em 692 a Igreja reconheceu e homologou os “homologoumema” - livros reconhecidos e homologados -, para constituir o Novo Testamento - os rejeitados eram os apócrifos. O Sínodo de Trento (1545/1563) estabeleceu a estrutura dos livros do Antigo Testamento e a Bíblia se completou.
Em 1947, foram descobertos na Palestina vários manuscritos inéditos com as bases do judaísmo pré-cristão e a existência de seitas cristãs, isto é, messiânicas, porém já era tarde para mudar qualquer coisa do cânon bíblico.........
FONTE:
“A Bíblia” - Revista REALIDADE, SP, nº 8, nov./66.
F I M