JOVEM EMANCIPADO

Quem nunca chegou à juventude com aquela idéia de completar os dezoitos anos para poder gozar dos prazeres de dirigir o veículo do pai, quiçá, ter o seu próprio e assim estar livre para ir e vir, de onde e pra onde, sozinho ou com quem quiser. Assim foi Lucas, um jovem como outro qualquer.

Na cidade grande o fusca branco, velho e fumacento de longe podia ser visto. Inconfundível. O ruído do motor e a fumaça do escapamento era o sinal de que Lucas estava chegando. Era uma festa. Os moleques enlouqueciam com as proezas do jovem que embora ainda não tivesse a maioridade, já tinha a audácia e a habilidade de um fora da lei.

Menino corajoso, um típico aventureiro. Carro de pouco estilo, um automóvel ligeiro. Jovens, velhos, homens e mulheres, motoristas calmos ou apressados. Passeio, trabalho ou corrida, qual seria a velocidade nestas ruas da cidade. Lucas tinha pouca idade, não ideal para guiar, não tinha responsabiliade, mas muita sede de apressar.

Os sinais, as placas e a velocidade, importante mesmo era ter a direção, mas num descuido na estrada, lá se foi nosso garotão. Dois carros no acostamento e um homem se pondo a gemer, mas quando o socorro chegou, o homem mais nada falou e o corpo parou de tremer.

Morreu! Morreu! Morreu! E a notícia logo se espalhou: Um adolescente morre acidentado e um taxista se salvou. Culpado ou inocente, Sr Juiz, nem quero saber. A dor é grande demais e aquele menino audaz, que tudo dizia capaz, oh! Que tanta falta nos faz.

A mãe de mau súbito padece, o pai no velório emudece, a mina o coração enfraquece, amigos entoam uma canção e as pessoas em volta comentam que essa foi sua emancipação.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 17/03/2018
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