Vovô Propaganda
 
Eu estava almoçando e o fotógrafo executava o seu ofício para registrar as benesses do restaurante.
 
Ele me abordou dizendo:
- Teu prato está colorido e saudável. Posso fotografar? Será só o prato.
 
Eu concordei pedindo para que a garçonete registrasse o feito em meu celular para ficar documentado e eu mostrar para meu filho, que só come carbohidratos e frituras.
 
Na verdade Narciso gritou dentro de mim querendo mirar-se no lago da câmera fotográfica de meu aparelho telefônico.
 
Eu  aplaquei minha consciência dizendo que o motivo era aquele didático e pedagógico para a minha cria. Mas  tudo bem, o pós-moderno veio para retratar aquilo que o modernismo queria ver negado.
Eu me senti o Garoto Propaganda do Vendemmia.
“Garoto?  Nada modesto, heim?!”
Ah, esta bendita consciência...
 
Está bem! Eu me senti o VOVÔ PROPAGANDA da boa alimentação.
 
Pronto falei!
 
O diacho é que agora Narciso requer as redes socias com crônicas, fotos e tudo o mais para se mirar.
 
Afinal, modéstia é coisa da Idade Média que queria estes valores morais – modéstia e humildade - para que a Aristocracia e o Clero, que viviam na soberba, explorassem os menos conscientes de sua identidade pessoal.
 
E como já disseram vários concorrentes ao cargo de filósofo barato e que eu alinhavo nesta crônica como renda de crochê:  “Só somos realmente felizes quando conseguimos rir de nós mesmos”.
 


Ponto final de clichê!


 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 15/03/2018
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 16/03/2018
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