A nossa rotina alucinante

Tantos compromissos para um só dia.

Pagamentos, extratos, contas, consultas, trabalho, estudo, transporte, horas marcadas.

Tu vives num mundo que não mais te pertence.

Doas as tuas melhores horas para os meios de comunicação, de trabalho e de estudo. Poucas vezes ficas frente ao melhor de ti... A tua Sensibilidade.

A rotina alucinante do dia-a-dia te absorve te aliena do melhor dos mundos

... O teu interior.

Cansado o corpo procuras relaxar o teu espírito

Mas nas poucas horas que te pertencem o jogas em sono profundo.

Muitas vezes quando ficas a sós contigo mesmo te sentes como dois estranhos

Habitando um mesmo corpo.

Quantas palavras ditas por ti... Soariam estranhas num momento a sós.

Na maioria das vezes é o que todo mundo te leva a responder, a agir, a sentir.

O que se espera de ti.

És apenas reflexo da mídia, dos meios que te cercam, do mundo que te entorpece.

Dosar tantas situações, diluir elas, decantá-las tornou-se um dilema e cada dia mais difícil.

É amostra do teu tempo. Um tempo que não te pertence mais.

Tanto assim é que maravilhado fica com uma peça de teatro, um filme onde se retrata o amor, o carinho, o discernimento, o tempo não como um devorador das tuas horas, mas sim como um provedor para os teus sentimentos.

Tolhidos pela corrida contra o tempo os teus sonhos se esmorecem facilmente... Perdem a sua identidade, tornando-se apenas um simples desejo.

Precisas cada vez de mais horas extras, mais acréscimos de minutos, para viver em tua plenitude. E precisas cada vez mais de novos sonhos, de mais sonhos com hora e data marcada.

Buscas uma realização que seria para dias, meses, anos ou talvez até uma vida inteira em um simples minuto, numa simples hora. Depois joga fora ela como se fosse algo inútil e também toda a tua luta por esta conquista torna-se mera ilusão... Como se ela fosse apenas uma provação para sobreviver um dia a mais.

Hoje olhas tanta materialidade, tanto conforto, reduzistes tanto as distâncias sobre os pneus, sobre as asas, sobre as águas... Mas na mesma velocidade vertiginosa dos meios de comunicação, atabalhoado tu estas ficando mais longe de teus amores, da tua sensibilidade.

Não precisarás da idade para os novos descobrimentos, bastará um clicar e tudo se mostrará desnudo a tua frente... Mas este mesmo clicar dominará a tua alma e a tornará vazia e tu sem sentido para viver.

A Felicidade, a tornaste única... Quando ela é inúmera e é perene.

Quantas palavras de amor a um filho, a um pai, a uma mãe foram apagadas por um ponteiro de relógio que teimava em se adiantar e mostrar o mundo da pressa, da necessidade.

Hoje vemos que mesmo pagando tantas dívidas materiais, dívidas muito maiores foram deixadas por pagar.

Não existe um meio-amor, uma meia-felicidade... Não existe um amor para meia hora depois, para semana que vem, no final da formatura, no final da luta.

Porque a Felicidade deve ser perene e ela pode estar somente no coração... Sem hora marcada, sem destino final...

Ela nunca poderá estar em único coração... Seria egoísmo, falsidade, hipocrisia.

Ela deve estar em dois corações...

Em três corações...

Em tantos quantos a aceitarem.

A Felicidade será insignificante... Tanto quanto insignificante nós formos.

Não basta tu amares, a tua felicidade tem que se refletir nos olhos de quem também te ama...

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A Felicidade pode estar na simplicidade, no luxo, no lixão, onde a complexidade de duas ou mais personalidades procuram um só caminho... O Amor recíproco e verdadeiro que deve cada dia mais fazer parte da tua rotina.

Robertson
Enviado por Robertson em 16/03/2018
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