Ligações possíveis

Gostar  de escrever poesia, convivendo com as tantas patifarias brasileiras... Fica difícil conciliar vertentes. A não ser que se use a inspiração amarga da miséria para fazer uma arte-denúncia com a beleza odiosa das tragédias. Há quem o faça e bem, despertando interesses por essas vias que, aparentemente, poderia se considerar afronta, mas que, dada a impenetrabilidade nas couraças de ignorância, acaba por se inserir pelas camadas mais finas dessas presumidas sensibilidades, É por ali que enveredam (e aí não vão julgamentos sobre o grau de consciência dos artistas) as fotografias em preto e branco do Sebastião Salgado, “Meu Guri” e outras canções do Chico ou “Mais uma Boca” da Fátima Guedes entre dezenas de outras. (nem citei os escritores) Fato é que essas estão perdendo de goleada para as novas velhas misérias do dueto “corrupção/violência” que chegaram com tudo nesses primeiros anos do século como uma bandeira da falência das instituições brasileiras, que somente a muito custo e otimismo pode ser negada. A poesia amenizaria ao poeta ou alienaria ao cidadão? Há vagas para o emprego dessas duas afirmações? Como alternativa diria que são dois aspectos: o introspectivo, voltado para as individualidades, e o coletivo, nos quais se encaixariam os sentimentos mais gerais, sem prejuízo de nenhuma das partes. Afinal consciência poética e cidadã podem e devem conviver harmoniosamente. Alguma coisa deve funcionar bem nesse país.