a má gramática da vida nos põe entre pausas
Tipo “amor do não”. Quem sabe se alguém tivesse feito uma intervenção na vida de Amy, que a tivessem levado para uma “rehab”, que tivesse dito: ei, preste atenção, mulher! Hoje ela estaria aqui melhorando o ar – tipo a mata atlântica - com sua voz incrível. Talvez eu, como colega de sala tivesse intervindo na vida do Zé Roberto e com minha amizade evitasse que ele caísse no tráfico. Palavras pesam. E ouvi-las assim, sem piedade nenhuma, durante um telejornal ligado por acaso na tevê de casa, e em pleno momento que decidi descansar os neurônios de tantos pronomes oblíquos e sintaxe e notícias e pessoas que vão embora para outro país/outra vida/outra pessoa e, pontuação correta, causou um desconforto. Intervenção. Não sei se posso dizer que é um caso de “amor do não”, mas dei uma estremecida quando a escutei pela primeira vez num telejornal em pleno “esse ano”. Aqui, descansei também o uso numeral do ano em questão por impressão de que esse texto possa ser atual nos próximos. Viu como palavras pesam? Desigualdade não é um acaso. E a violência tem aí, uma raiz profunda.
Me perdoem por essa crônica sem conclusão – que aqui nada tem a ver com descanso. É ausência.
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*Engraçado - esse estava guardado para a próxima quinta.