SEXO AO ENTARDECER
Quando tinha uns 15, 20 anos, sexo pra mim era como respirar. Fazia parte da minha vida como algo natural, sem turbulência, quando acontecia era bem gostoso. O tempo foi correndo, cheguei aos 60, e tudo muda, por dentro e por fora. Algumas manifestações físicas e mentais dão lugar às outras, a maturidade traz no seu bojo algumas coisas que, vagarosamente, sentam no trono e passar a exercer seu reinado. Nem tudo que vem nessa onda agrada, mas é a regra do jogo. O sexo acaba ficando meio acanhado, um tanto acuado, deixa de gritar aos quatro ventos "estou aqui!". A dura digestão do envelhecimento parece que manda certos prazeres procurarem sua turma e nos largarem de vez. Cada um lida com essa praia ao seu modo. Deve ter gente que tira de letra o remanejamento sumário e consegue driblar os novos ventos que entram sem pedir licença. Posso dizer que estou me reeducando pra viver meu roteiro traçado, tentando extrair gostos bons desse cenário que me foi imposto, tarefa nada fácil e nem sempre agradável, principalmente por conta de ter que prestar contas à quem compartilhava comigo dos prazeres que o sexo nutria. Existem meios artificiais pra suprir a falta de virilidade e desejo, coisa que já tentei fazer, mas não curti muito a parte colateral. A energia, outrora canalizada para abastecer o tesão, agora se faz presente na arte de escrever e, reconheço, estou numa fase de produção bem acelerada e com resultados bem legais. Não adianta negar ou tapar com a peneira esse sol inquestionável. A única saída é encarar a realidade e tocar o barco. E aproveitar todos os agrados que ficar mais velho poderá trazer. Não tem outro jeito, mas tem um lado ótimo. Gostoso e prazeroso toda vida.
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