ONDE ESTÁ MINHA MÃE?

A concepção é um ato que não sei como explicar do ponto de vista de um pequeno ser que em meio a tantos óvulos e espermatozóides foi o único a alcançar a fecundação e ganhar a batalha na luta pela vida. Embora nada ver ou sentir no início deste processo, posso garantir que é uma dádiva pela qual temos muito a agradecer aos bondosos autores deste lindo gesto.

Gerar uma vida é sim um lindo e nobre gesto e por isso que mesmo não sabendo, sentia uma felicidade enorme aos passos em que estava a me formar, sem saber ao certo o que siginificava viver, mas a vontade de chegar era tão grande quanto ao amor dos que me deram a chance de nascer, assim pensara eu, ainda em minhas poucas semanas de nascituro.

Por várias vezes senti o peso de um empurrar para fora, embora achasse um pouco cedo, mas precoce também era minha vontade de conhecer aquele ser que estava a me gerar e que iria me criar por alguns anos de minha vida. Meu amor era tão grande que me fazia pensar que a saída prematura do ventre era o desejo da nobre mulher em me acolher no colo e amamentar em seu farto seio de felicidade.

Por várias vezes senti a sensação do quase chegar, ainda que não estivesse pronto, até que certo dia, não mais podendo esperar acabei por me encontrar enrolado num pequeno e quentinho cobertor, dentro de um bercinho de hospital, com uma fita amarrada no pé e uma touquinha branca na cabeça.

Minha Nossa Senhora! Havia chegado a hora de conhecer a amável mulher que me deu essa oportunidade tão preciosa. Tão grande era minha emoção que meu pensamento só imaginava a ela, sorridente e com os olhos cheios de lágrimas por saber que nascia perfertinho. Olhava para um lado, mais berços e outros infantes, olhava para outro, janelas e cortinas e ficava a me perguntar: onde estaria ela?

Nunca pudera imaginar o que acabara de ouvir naquele momento. Duas enfermeiras entraram na sala, olharam emocionadas para meu pequeno rostinho e preocupadas se perguntaram: quem irá o adotar?

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 14/03/2018
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