A Páscoa vai chegar outra vez. Lembro o quanto sonhava diante das vitrines adornadas de Ovos de Páscoa, de cestas repletas de guloseimas, caixas de chocolates e dos famosos Coelhinhos e Colombas Pascais.
Eu e meus irmãos falávamos sobre os Ovos que gostaríamos de ganhar e, às vezes, discutíamos tanto porque a gente sempre queria saber como o Coelho da Páscoa fazia para esconder os chocolates em locais diferentes daqueles que suas pegadas indicavam? Onde os ovos realmente estavam? Nossa credulidade era 1000%. Mas... O que mais me intrigava era:
Se o Coelhinho deixou suas pegadas por que será que nós não conseguíamos encontrar nenhum ovinho?
Minha madrasta respondia que era a Magia da Páscoa, que só iríamos encontrar os ovinhos quando fizesse bom tempo e que para isso, a gente teria que se esforçar bastante nos estudos para comprar não só um, mas vários Ovos de Páscoa. Em minha inocência eu ficava sem entender.
Quando se é criança acredita-se em tudo, e depois não se acredita em quase mais nada, principalmente nos contos de fada!
Ainda me vejo criança esperando a Páscoa chegar, mas esta jamais me trouxe um ovinho sequer, vinha sempre carregada de imposições, de castigos e de remorsos pelos erros cometidos no ano em pauta e, quase sempre, infligida por um ato de sacrifício para expiação dos pecados (segundo a convicção profunda dos adultos daquela época).
O silêncio que imperava na sexta-feira Santa transcorria de modo sufocador, desde a quinta-feira ficávamos de sobreaviso; não poderíamos fazer qualquer espécie de barulho e nossa única missão era rezar bastante. Mas isso não era tudo, Bem mais cruel era a pena imposta para a expiação dos erros cometidos na Sexta-Feira Santa, ao amanhcer do Sábado da Aleluia. Esta, era a pior parte da incontestável Semana Santa que me traz tantas lembranças, mas que me faz rir ao lembrar coisas que não me agradavam nenhum pouco naquela época.
Imagine você que o tal romper da aurora do Sábado de Aleluia era levar uma surra e após essa tunda de pancadarias uma nova imposição se apresentava:
Éramos obrigados a ir à missa no Domingo de Páscoa e fingir que tudo estava bem ao receber de alguém votos de "Feliz Páscoa!".
Imagine você que o tal romper da aurora do Sábado de Aleluia era levar uma surra e após essa tunda de pancadarias uma nova imposição se apresentava:
Éramos obrigados a ir à missa no Domingo de Páscoa e fingir que tudo estava bem ao receber de alguém votos de "Feliz Páscoa!".
A "magia" daquele tempo hoje me causa indiferença quando a Páscoa se aproxima, porém, o tempo muda e as coisas que me eram antes severamente impostas mudaram para melhor. Aleluia Senhor!
Atualmente, vejo que as crianças têm uma outra visão. A maioria delas não acredita na visita do Coelhinho da Páscoa, mesmo assim, aceitam a velha tradição felizmente modificada. Hoje, os adultos escondem os ovos de Páscoa pela casa e lançam o desafio para que as crianças os encontrem sem enganá-las, pois ao procurar os ovos elas realmente os encontram e isso é sinônimo de muita diversão, ainda mais quando a brincadeira é bem planejada!
Quando se é criança, nossos olhos são inocentes e a vida parece fluir com encantos e magia, e era nessa magia que eu acreditava.
Graças a Deus que hoje há sempre alguém que em algum lugar lembrar-se-á de uma criança mesmo sem saber se ela é obediente, educada ou não, mas que vai fazer tudo para lhe oferecer um Ovo de Páscoa, quem sabe um presente acompanhado de chocolates ou talvez até... Aqueles chocolates e ovos deliciosos da Cacau Show.
Graças a Deus que hoje há sempre alguém que em algum lugar lembrar-se-á de uma criança mesmo sem saber se ela é obediente, educada ou não, mas que vai fazer tudo para lhe oferecer um Ovo de Páscoa, quem sabe um presente acompanhado de chocolates ou talvez até... Aqueles chocolates e ovos deliciosos da Cacau Show.
Só poderia mesmo ser esse tipo de magia que ainda hoje me falta... Sim, eu confesso... Às vezes, eu gostaria de ser criança outra vez, mas com a personalidade que tenho atualmente e não me deixar levar pelos enganos que passei. Você não?
Aldenora Bicetre.
Em 02/03/2021.