Desejei aprender.
Desejei aprender a tocar piano apenas por prazer. Nunca pensei em ser uma pianista. Frequentei o conservatório alguns anos. Ainda não sei tocar bem. Mesmo assim gosto de tocar. Hoje gosto de tocar piano e memorizar partituras para exercitar o cérebro. Aprendi a tocar órgão por alguns anos. Gostei muito. Mas também não toco bem. Aprendi também a tocar teclado. Comprei o teclado porque é mais barato do que um piano. Mas não gostei do som dele como gosto do piano, por isso comprei um piano.
Outra coisa que desejei aprender também por prazer foi pintar telas a óleo. Durante alguns anos, fiquei pintando e sentia um prazer tão grande que ficava pintando várias horas. Pintei muitos quadros. Deixei de pintar quando descobri, por mim mesma, que a tinta me causava tendinite. Eu tinha tendinite em qualquer parte do corpo. As vezes sentia dor nas mãos ao cumprimentar as pessoas, tinha dor nos pés, nos braços. Sempre que ia ao médico de reumatismo ele me receitava anti-inflamatório. Certo dia conversando com meu cabeleireiro, ele me disse que pintar poderia causar tendinite devido o movimento contínuo do pincel. Deixei de pintar e nunca mais tive tendinite. Desejei aprender fazer crochê quando eu tinha dezoito anos. Pensei que seria necessário, pois na época eu costumava ver muitas velhinhas fazendo esse tipo de atividade, e achava que seria útil para minha velhice. Foi bom ter aprendido a fazer crochê, pois pude fazer casaquinhos de crochê para meus filhos e para meus netos. Hoje não tenho mais feito essa atividade, já que passei a usar a internet e fazer exercícios físicos. Os tempos mudaram. Não vejo as velhinhas dentro do ônibus fazendo tricô ou crochê. Quis aprender datilografia para trabalhar. Trabalhei muitos anos como datilógrafa até passar num concurso para trabalhar numa biblioteca da prefeitura. Trabalhei numa biblioteca infantil por vinte e dois anos e me aposentei, uma vez que pude juntar os anos que trabalhei como datilógrafa. Antes de me aposentar pela prefeitura, prestei concurso para professora de Português e lecionei durante vinte anos e me aposentei pela compulsória. Tive vontade de dirigir carro por que achava que precisava. Tirei carta. Não gostei de dirigir. Também até hoje não precisei. Meu marido me leva por onde preciso ir. Gosto de andar de ônibus e metrô. O ponto de ônibus é próximo ao meu apartamento. Assim não preciso ficar prestando atenção no trânsito e posso ver tudo que acontece pelas janelas. Tive vontade de aprender Italiano e Francês. Entrei na faculdade de Letras e me matriculei no currículo quinto. Eu deveria aprender três línguas: Português, Francês e Italiano. Como sempre trabalhei e estudei, não consegui me formar nas três línguas. Me formei em Italiano e Português. Agora tenho vontade de aprender inglês, faz tempo que estudo e ainda não sei falar bem. Desejei escrever bem um texto. Achei que se eu fizesse o curso de letras, escreveria bem. Porém ainda não escrevo bem, mas sempre me esforço para escrever da melhor forma possível. Aprender é coisa que nos acompanha desde o nascimento até a morte. Acho que só quem tem depressão perde a vontade de aprender, uma vez que essa doença deixa a pessoa sem vontade de nada fazer.