Luiza
A pessoa mais otimista que conheci foi Luiza. Sempre que a encontrava e perguntava: ” Luíza, tudo bem? “ A resposta era sempre a mesma: ” Se melhorar estraga”.
Ela morava na minha rua. Para sair de casa para fazer alguma coisa, ela subia uma ladeira bem íngreme. E isso, ela fazia mais de uma vez ao dia. Dificilmente não a encontrava na rua, quando eu saía. Certa vez ela me disse: “ para você ficar mais na rua do que em casa, você deve ficar na rua no dia de Ano Novo, eu faço isso”. O que ela mais fazia na vida era ginástica. Para mim, ela um dia me disse que nunca gostou de estudar, e ela era tão feliz. Para mim ela foi um modelo de vida. Sempre que tenho preguiça de fazer ginástica me lembro dela e crio coragem para subir também uma ladeira para chegar ao local de meus exercícios físicos.
Passamos um mês sem vê-la passando em minha rua. Ela foi internada e faleceu após um mês.
No seu velório, fiquei sabendo que ela faleceu de câncer no seio, sem nunca ter falado de sua doença para ninguém, nem para seus dois filhos.
Tenho saudade dela, era foi a pessoa mais alegre que conheci até hoje.