Um jeitinho ...

Sempre que pude dava um jeitinho, parava a caminhonete F1000 na frente de casa, rapidinho , pois estava à serviço da empresa, nem sempre haviam serviços externos para mim , que era interno, mas às vezes surgiam trabalhos de expedição, pois os "Follow-up" estavam todos fora, e a urgência chamava. Era a década de 80, filhos pequenos, muito trabalho, estudos...um casamento sólido, juventude ainda pulsando, muita energia e sonhos. Eu adorava essas emergências, era duro ficar atrás da mesa o dia inteiro abarrotado de cobranças...hoje, tiraria de "letra", mas na época me esgotava.

Dava um jeitinho de desviar para casa, buzinava para a Fátima, e ela já vinha me receber ao portão..." Fá, quer aproveitar e fazer o "Super", assim a gente não vai precisar ir no domingo"- Eu trabalhava de segunda a sábado, era puxado ! Nossa, claro ! Deixava a "Mônica" , a filha mais velha e o "Pretinho" ( nosso cachorro) , tomando conta dos outros dois , que eram muito novos, e íamos correndo abastecer a despensa.

Ela me ajudava bastante, quando as crianças tinham que se vacinar, pegava um ônibus até Pinheiros, com os três , e dava conta ?! Nenhum escapava das suas garras, rsrsss...mas sempre procurei valorizar, do meu jeito, nem sempre com muitas palavras, nunca fui esse cara meloso dos filmes, mas ela sempre soube do meu querer.

Os meus pais moravam a duas casas da nossa, e era muito bom, o convívio próximo da família sem estar grudado era ótimo, pois eu podia pegar o carro de manhã e deixar o meu pai no trabalho, e depois seguir para o meu. Desligava a estação do rádio de notícias e curtia meus rocks, ouvindo e cantando a todo o volume " Menina Veneno", rsrss...O carro era do meu pai , um Corcel II, novinho , que só eu dirigia, ele não dirigia muito bem, e também não gostava de guiar.

O meu pai perguntava para a minha esposa, sem eu saber , é claro..." Fá, o meu filho te faz feliz ? "- O meu pai era muito afetuoso com a minha esposa , a tinha como uma filha ". Ela lhe dizia : " Sim Papá, sou muito feliz com ele !".

A gente não tinha posses, trabalhávamos muito, mas valorizávamos cada segundo das nossas vidas juntos, hoje, já passado muitos anos, aposentado, tudo isso me faz feliz...e muito !

Escolhi um pedacinho a minha história por ser a publicação de número 600.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 11/03/2018
Reeditado em 11/03/2018
Código do texto: T6277097
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