CONVERSA INDIGESTA.
Não se deve cuspir no prato que comeu. Assim começou nossa conversa. Ela olhou-me profundamente, como olhos de desentendida. Respirou uma tanto ofegante, quis interpelar-me, mas engoliu as palavras com uma avidez surpreendente.
Neste instante batia uma brisa perfumada, vinda do roseiral do jardim.Ela tentou justificar a frase que avia soltado ao ar. Com a mão direita cerrou a janela, ajeitou o cabelo desgrenhado, pegou o espelho e retocou o batom. Tornou a me olhar, e então me interrogou. É uma obrigação do Estado prover meios para que o cidadão estude. Neste ponto adicionei mais uma pitada de tempero na prosa.
É verdade , mas não podemos comer o manjar e depois de farto dizer que está azedo. Reconhecer a grandeza dos programas sociais do governo de esquerda que acabaram de enterrar é um ato de grandeza, afirmei.
Ela então ficou muda, e dentro dela um vulcão estava prestes a entrar em erupção. Suas bochechas ganharam tonalidade vermelha, suas pupilas ficaram puntiformes, e sua respiração ofegante.
Me parece que ela entendeu a mensagem, mas não deu o braço a torcer. ela era recém formada pelo prouni, mas sua mentalidade era de pobre de direita. Percebi que ela repetia as palavras mastigadas , que era doutrinada a odiar. Então despedi-me , ela me acompanhou com o olhar,enquanto a semente que plantei principiava a germinar.