Crônicas de ônibus- Acidente

Hoje foi mais um daqueles dias de ir ao centro da cidade. Na volta quando me aproximava da rodoviária percebi uma movimentação diferente do normal, havia do outro lado da rua, no ponto da rodoviária uma mulher jovem e loira chorando muito, e muita gente envolta dela, ela por sua vez conversava ao celular, e chorava como se fosse desmaiar. Pensei que ela havia recebido a noticia de falecimento de algum ente querido. Mas, eu não conseguia ouvir o que ela falava, pelos barulhos da rua e da movimentação constantes de carro na avenida, o que me impedia de ir até ela, pois lá também era o meu ponto.

Quando por fim conseguir atravessar a rua, a mulher havia sumido, e havia um murmurinho de gente comentando sobre um acidente, foi então que eu vi, uma senhora na faixa dos 60, sentada num cantinho da rodoviária, e alguém debruçada sobre ela colocando gelo, enquanto outra pessoa tratava dos seus ferimentos.

Um senhor se aproximou de mim e, sem que eu perguntasse veio logo me contando o acontecido.

Acontece que a senhora queria atravessar a rua e, enquanto se esticava para ver se conseguia passar, bateu com a testa na quina de um caminhão de água, e me mostrou o sangue na pista. Eu só fiz concordar e então observei a mulher, realmente com um inchaço muito grande na testa, nesta hora lembrei da minha mãe, e me preocupei com ela, pedi a Deus para que a senhora ficasse bem logo.

Nisso, chegou meu ônibus, entrei e como o motorista não tinha troco me pediu para que sentasse nas cadeiras amarelas, no banco atrás dele. Vi pela janela a mulher jovem e loira passar num carro, parecia mais calma, mas fiquei sem saber qual o envolvimento dela no caso.

O ônibus por sua vez, não conseguiu partir, a ambulância que veio socorrer a senhora parou ao lado dele, o caminhão que atropelou a senhora na frente, enquanto dois camelos brigavam atrás do ônibus, e eu nem sabia se essa briga também era pela senhora.

Por fim, quando o ônibus partiu, o motorista me deu o troco, mas eu esqueci que estava nas cadeiras preferencias, quando dei por mim, havia um homem atrás do meu banco secando meu lugar, e ele nem era tão idoso assim, parecia ter uns 40, mas ele cobiçava tão nitidamente minha poltrona que fiquei com medo de descer do ônibus e quebrar um perna, então decidi dar lugar a ele, fiquei um tempo em pé, e depois consegui lugar perto de um outro homem bem arrumado.

Mas essa parte já é outra crônica.