Perdendo tempo
Deixei pedaços de mim dentro dela naquela noite. A noite inteira.
Talvez tenha sido demais pra tão pouco tempo. Talvez eu tenha me precipitado novamente.
e tenha deixado escorrer demais de mim, em minhas histórias, e na conversa de pé de ouvido,
na meia luz do quarto.
Eu sempre falo demais, mostro demais, antes que os meus pés estejam propriamente no chão.
Eu sempre estou voando por aí, e termino me perdendo em olhares e abraços
sem que meus pés se firmem em algum lugar de confiança.
Me pergunto o que ela vai fazer com a parte de mim que ficou nela.
e se aquilo vai importar de alguma forma, além do tesão e do flerte.
Fiquei olhando enquanto ela se virava na cama, como uma serpente, sem perder o foco de mim.
E quando se levantou e pôs as mãos na cintura pra reclamar da bagunça.
- Ninguém conseguiria viver por muito tempo num quarto como este - Ela disse
- Estou aí pra provar o contrário - Respondi.
Mas ela não estava realmente preocupada com a bagunça ao redor. Ela só gostava de me alfinetar e ver como eu reagiria.
Acendeu o cigarro e deixou a fumaça se espalhar.
Balançou o corpo e virou de costas.
- Você gosta da minha bunda?
- Gosto. Bastante.
- Tá falando sério?
- Estou, meu bem. Sua bunda é maravilhosa. Como todo o resto em você.
Ela balançou a cabeça, contrariada.
- Você me diria se não gostasse dela?
- Hoje você está com a gota, mulher.
- Responde!
Me levantei e a abracei, segurando com força em sua bunda, com as duas mãos.
- Acho que dá pra você sentir o quanto eu gosto de você, não é?
Estava escuro mas eu sabia que ela havia enrubescido.
- Você está bem empolgadinho mesmo.
Ela me afastou e começou a dançar sensualmente, sem tirar os olhos de mim.
E mais pedaços meus foram em sua direção com aquele olhar.
Era simples assim,
Era questão de tempo para que eu me perdesse.
Caímos na cama e enfim, e perdemos a noção do tempo.