Pureza

Lembro-me com nostalgia de perguntar a minhas primas, mais espertas, como se faz neném. Ah! Que rapidez de raciocínio delas! Falavam aos ouvidos uma da outra e logo respondiam: Ora, você não pode encostar nem chegar perto daquele morrinho que os homens têm por debaixo das calças que quando muito apertadas deixam aparecer.

Um dia uma outra prima que me ajudava a pendurar roupas no varal (mamãe sempre nos fez ajudar no serviço da casa para aprender a ser dona de casa), me fez depoimento ainda mais irreal:

Nunca deixe a calcinha pendurada à noite no varal que vem um sapo e faz xixi nela e você engravida quando a vestir.

Ficava eu a pensar:” Nossa! E nascem sapos?” E jamais deixava as partes de baixo amanhecer no varal.

Um dia, isso está ainda em minha mente muito claro- nos bailes para arrecadar dinheiro para a formatura – um moço barbado me convidou para dançar. Deus! Ele usava um jeans de cor clara muito justo. Nem preciso dizer mais sobre meus medos.

O tempo passou. Sou hoje educadora e me assusta a mudança no comportamento dos meninos e meninas de mesma idade nas quais eu mostrava tanta ingenuidade.

Vejo meninas de 10 a 13 anos usando roupas de adulto e mostrando tanta promiscuidade quanto de algumas mulheres na fase adulta. São copistas de um tipo de mulher que envergonha-nos a raça.

Não que tenham discernimento sobre o certo e o errado, sobre as atitudes morais ou imorais. Os valores se perderam de tal modo que elas se igualam aos meninos ou ainda querem superá-los em comportamentos indelicados, como falar palavrões, xingar a mãe e por aí afora. A mídia tem certa parcela de culpa nisso, já que o consumismo fez com que roupas minúsculas em corpões bombados, siliconizados e tidos como perfeitos são a referência a essas meninas. O estereótipo do corpo bonito não é mais aquele naturalmente alvo dos anos do “tome um banho de lua” ou bronzeado À La Bardot em “E Deus criou a mulher”. Hoje sabemos causa câncer de pele. Hoje se fabricam seios, bumbuns, extraem-se costelas e outras atrocidades parecidas. Nada contra a vaidade. E Deus criou o homem e ele massificou-se e deformou a sua semelhança.

Silvinhapoeta
Enviado por Silvinhapoeta em 07/03/2018
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