MARCANDO O TEMPO...

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Vivemos contando os dias, as semanas, os meses, os anos, décadas, séculos, milênios. Calendário e relógio. Relógio da matriz, relógio de parede, de sol, de braço, do celular. Marcadores em algarismos romanos, o relógio de bolso, antigo, de ouro, lembra anos dourados. Hoje, peça de museu, de feira ou loja de antiguidades. Ou guardado como objeto de estimação.

Conjugam-se, na nossa vida. o tempo cronológico e o tempo psicológico: este, conforme o nosso estado de espírito. O tempo psicológico passa despercebido para quem está alegre e nem vê o tempo passar; demora-se para quem está aflito, ansioso, desempregado, deprimido, doente, endividado, prisioneiro, refém, sequestrado. Ora o tempo voa ora o tempo não passa.

Manuel Bandeira afirmou que o grande cronista Rubem Braga fazia crônicas ainda melhores quando simplesmente não tinha um assunto. Isso só o velho Braga... Cyro dos Anjos, ao observar um cachorro esbaforido, com uma lata de lixo presa à cabeça, discorre sobre a pergunta: Que pensaria ele, naquela situação?...

Crônica, em grego, “khrónos”, tem tudo a ver com o tempo do cronista. Enquanto o tempo transcorre o cronista transcreve. Enquanto o repórter está de olho nos acontecimentos, o cronista faz a leitura de acontecências, acontecimentos repetitivos, acontecer, tranquilo ou tumultuado, da vida de cada pessoa e da sociedade. Ou da vida dele ou dela, cronista. Seja a crônica argumentativa questionando o óbvio, ou aquilo que parece óbvio. Narrativa, lírica ou poética, humorística, esportiva, política, teatral, memorialista, reflexiva ou mista. Versando solta sobre corrupção à solta. Maus políticos desvairam a opinião pública.

Para mim, basicamente, crônica é, mais do que escrever, reescrever, reescrever, reescrever... a vida. Uma forma de comunicação. Exercício da mente. Tecedura do tempo urdida em palavras. Ou mania. Dentre as manias que a gente tem... Desafio: “Contar é muito, muito dificultoso”.