Por medo de avião
Agora leio o comentário do poeta pernambucano, Ansilgus, o que me agrada. Terno nas palavras, amigo das tintas e pernambucano, pode melhor? Pois na apresentação da página de Ansilgus vejo que ele, como eu, também tem medo de avião, e lá vem, automaticamente, Belchior, o acalentador, "foi por medo de avião lalalala. Toda vez que preciso viajar, geralmente nas férias, meu sossego se esvai ralo abaixo ainda dentro da agência. Começa com um frio no estômago, dá vontade de desistir e ficar na cama vendo TV e me vem um início de náusea (isto que ainda estou a quilômetros do aeroporto, e faltam muitos dias para a viagem). Para completar meu quadro de dor, minhas origens árabes desabrocham como capim, drama...começo a invocar toda a santidade, me grudo em todas as Nossas Senhoras, santos de todas as Igrejas - sem distinção -, que vão de Buda até o Dalai Lama (que ainda nem é um santo juramentado), mas fico completamente ecumênica. Na véspera da viagem estou em frangalhos, perco até a fome. O pior é que sempre tem algum engraçadinho que fica fazendo terrorismo e narrando, com detalhes, quedas e acidentes sem noção. Além de não comer, já nem durmo. Se a bosta do avião resolve cair justo comigo dentro... Fico tão atrapalhada que não sei se a mala que carrego é trágica ou cômica, já levei roupa de lã para Maceió e até botas, até agora não descobri onde eu ia de botas no nordeste. Como desgraça pouca é bobagem, sempre tem aquele comandante, que durante o voo resolve descrever a aeronave e o trabalho de voo, encasquetei com isto e nunca esqueço. Comandantes têm uma voz meio anasaladas e um pouco irritantes, acho que minha visícula começa a pingar ao natural. Quando começa a ladainha do comandante, fico chumbada no assento, incalacrada e ninguém me desgruda. Para quê dizer que as máscaras vão cair do teto a tal hora, que as saídas de emergência ficam em tais locais, que a veada da aeronave pesa tantas toneladas...esta das toneladas termina com o resto da minha paz.
Mas vou, termino indo, me borrando e rezando até a volta. Só de escrever meu estômago se enrola.
Beijo a todos!