Avencas e saudade
Na casa da minha avó materna, tinha avencas plantadas (ou nascidas naturalmente) em um barranco no quintal.
Achava lindas aquelas avencas, delicadas, com folhas que pareciam desenhadas. E eu era uma criança prestando atenção em avencas no barranco!
Essas lembranças reaparecem todas as vezes em que vejo avencas. Minha avó surge, de repente, à minha frente numa saudade linda e amorosa.
Minha avó Sinhá, apelido que marcou minha infância, pois pensava que era seu nome, e achava lindo!
Vó Sinhá, que encomendava um saco, daqueles grandões, de biscoitos assados no forno à lenha, todas as vezes em que chegávamos à sua casa. O pernil já estava preparado e a família já chegava feliz.
As avencas que pouco vejo hoje, principalmente penduradas em barrancos, são delicadezas nas lembranças com saudade da minha avó, da sua casa, da cidade onde passei muitas férias na infância.
Vó Sinhá ficou marcada em minha vida por ser fortaleza em tempos remotos, patriarcais, em que mulheres não tinham vez. Ela, com seus conselhos sábios e certeiros, nos orientava com carinho e muita firmeza.
Minha homenagem nesta semana da mulher vai para a minha avó Sinhá e para todas as mulheres que viveram fora do seu tempo e puderam marcar presença em nossas vidas.
Que as lembranças trazidas pelas avencas fiquem sempre vivas no meu coração, pois é lá que permanece encantada minha avó Sinhá!