A dor
Não existe uma ferida, mas o desgaste da cartilagem, causado pelo atrito do acetábolo, na engrenagem do fêmur, com a bacia. Mas a dor, desce pela cocha, pela verilha, atingindo nosso cérebro, a nossa alma, nossos pensamentos e nossos sonhos.
Causa, mudanças no nosso humor, no nosso dia a dia, porque temos que trabalhar, temos que viver. Mas como viver e conviver, com essa dor?
A gente, arrasta a perna, mancando, como se estivesse aleijado, mas não está. Está com desgaste na Cartilagem do quadril.
Aí as pessoas perguntam: ainda não sarou essa perna?
E começam a dar receitas caseiras:
O fulano: porque você não toma chá de canela de velho.
O ciclano: Há, dizem que a cartilagem de tubarão sara.
O beltrano: Olha, um amigo curou com compressa de Arnica. E assim por diante, todos os dias que passam.
Há se não fosse o milagroso Arcóxia, que após ser ingerido, impede que essa terrível, perturbante dor, não nos incomode por 24 horas, bloqueando-a, em nossa mente. O alívio, vem depois de alguns minutos, cessando esse incômodo.
Aí, você não sente mais dor, você anda normalmente, então as pessoas perguntam: Você sarou?
Eu respondo: por enquanto, estou bem.
Aí seu chefe, não te vê mancando mais, nesse dia, então fala:
Agora você tá bom... Pode até fazer umas vistorias, não?
Eu respondo: hoje eu posso, amanhã não posso.
O tempo passa, vem dias, meses e ano, mas a dor não cessa, porque a ferida do desgaste, não se recompõe e ela tende a aumentar, se continuamos com movimentos bruscos, até ficar osso com osso.
Então, a única solução, será a artroplastia do quadril. Uma cirurgia, cara, complicada, de risco, como outras, onde se coloca uma prótese, para substituição do fêmur e do acetábulo.
Há, se a gente soubesse das consequências, que a vaidade e as aventuras, nos causa. Acho que não arriscaríamos tanto, como arriscamos, no dia a dia.
Com ou sem dor, não podemos mudar o nosso humor (Jaime Teodoro)