COMANDADOS POR DIABINHOS
Filosoficamente sempre me questiono sobre qual seria o conceito correto. A faísca que acendeu a inteligência da raça humana foi assoprada pelo egoísmo? Ou, o egoísmo humano se acendeu das cinzas deste faiscar?
Existe uma única certeza. Sem o egoísmo jamais teríamos chegado até aqui. Ele desempenhou um papel crucial para que atingíssemos o status de raça dominante. Nas narrativas da evolução, desde a escuridão das cavernas e do medo do céu estrelado contadas pelos fósseis e desenhos, o egoísmo é uma variável constante.
Os mistérios da mente humana são desafiadores. Verdadeiros labirintos habitados por anjinhos e diabinhos. Enquanto eles se divertem brincando de gangorra dentro das mentes humanas criam seus contrapontos. Suas dualidades.
Os anjinhos que não aturam os cartazes egoístas nem os sorrisos sarcásticos exibidos pelos diabinhos, em contraponto criam seus cartazes de altruístas. Estranhamente só convocamos nossos anjinhos e seus cartazes, quando precisamos disfarçar ou fingir. Fora do disfarce e do fingimento estamos fechados 100% com os nossos diabinhos.
Uma raça altruísta não necessita de nenhum deus ou crenças religiosas. Como consequência estaria imune aos pecados. Não faria guerras de conquistas. Não proporia limpezas étnicas. Não se importaria com a cor da pele. Uma raça altruísta entenderia o verdadeiro conceito de Humanidade.
Uma raça altruísta não necessita de classes sociais. Não cria pecadores nem hipócritas. Não sabe o significado de distribuição de renda. Não permite a proliferação de campos de refugiados. Não permite o desperdício. Cada centavo sobrando seria aplicado na preservação do planeta. Pensando na herança para as gerações futuras.
Qualquer raça altruísta também morreria diante de uma criança morrendo de fome ou de sede. Morreria quando Hiroshima morreu. Morreria quando Chernobyl matou. Morreria queimada nas fogueiras da Inquisição. Morreria quando uma espécie habitante do planeta sucumbisse à extinção.
Qualquer raça altruísta não saberia esconder sua indignação diante dos abusos dos poderosos. Das indústrias armamentista, alimentícia e farmacêutica. Não saberia esconder sua indignação ao ver em todos os lugares do Brasil, a foto de Bruna Marquezine sentada no colo de Neymar em cadeira de rodas.
O egoísmo é a maior religião do planeta. Sua “bíblia” também é sagrada. Igualmente sua crença sobreviveu aos milênios. Oramos diariamente diante dos seus altares. Orações egoístas. E por mais estranho que pareça, quando vemos um altruísta passando blasfemamos: Ali vai um pecador!