Cantinho hoje é meu!

Meu também! Um grito disparado de um lado e outro, do irmão mais rápido. E o terceiro ficava sempre aos pés da cama, atravessado no colchão.

Eu tinha meus oito ou nove anos, minha irmã um ano e meio mais nova, meu irmão tinha quatro anos. Durante o dia, tínhamos um combinado, quem se lembrasse primeiro gritava:

- Cantinho hoje meu!

E o que fosse mais rápido, disparava:

- Meu também!

E assim estava garantido a ocupação da cama da mamãe na hora de dormir.

Meu pai custava a se deitar, então mamãe permitia que ficássemos um pouco ali vendo TV.

Na cama, mamãe tinha só dois lados, o terceiro filho, sob protestos, ficava se ajeitando nos últimos quarenta centímetros da beirada, se acotovelando aos outros quatro pés que olhavam vitoriosos embora só os de mamãe chegavam a encostar no retardatário.

No dia seguinte, tudo se repetia... E as vezes o mais novo, ficava embaixo novamente, por causa da cumplicidade das meninas...

Cláudia Machado

3/3/18

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 04/03/2018
Reeditado em 07/03/2018
Código do texto: T6270319
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