Valsar e bailar
Ícaro, figura mitológica, filho de Dédalo, em seu sonho de subir às nuvens, levou seu sonho às últimas consequências. Ao não seguir o conselho de seu pai de não chegar perto do sol, o fez e suas asas de cera derreteram. E voar, desde os primórdios, é o sonho de cientistas e loucos na tentativa de chegar ao céu. Dos irmãos Wright a Santos Dumont, o sonho de voar tem uma analogia. O desejo irrefreável de voar pode significar, segundo psicólogos de plantão, uma fuga de algum desconforto atual, de trabalho ou relacionamento. Em nosso inconsciente seria a fuga literal.
Citei em crônica antiga meu gosto pela dança de salão. Calma, não sou e nem pretendo aos corridos cinqüenta e muitos anos ser uma exímia dançarina, mas gosto e para mim é uma terapia. Um dos últimos professores que tive dizia que todos deveriam começar cedo a dançar. Ajuda muito. No viço dos poucos anos, ossos e articulações estão bem firmes e a energia é outra. Mas energia, dentro da fase de idade, é o que não me falta.
Para o índio, dançar é cultura própria. Ele dança para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos costumes.
Num desses “bailes da vida”, ritmos, alegria e amizade são a grande máxima das noites. E ritmos subentende-se no salão o forró, o xaxado, vanerão, ritmos latinos, o bolero, ah, o bolero... mas a mais linda dança, cheia de graça e leveza é a valsa.
E é nesse ritmo que quero me ater. Vendo um vídeo no YOUTUBE certa vez que no sabia era nada. A valsa, considerada como dança de elite nos salões vienenses, entre os séculos XVIII e XIX, surgiu na Austrália e Alemanha. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Valsa ).
Dançar valsa é como voar. Já se imaginou fechar os olhos, rodar no salão, sem medo de ser feliz? A maturidade nos faz isso. Sem medos, constrangimentos ou timidez, ao menos para mim, dançar é isso. Terapia, emoção, a nostalgia da música - Ray Conniff ou a Valsa de Strauss – é viajar. É flutuar nas nuvens, feito bolha de sabão. Olhos fechados, parceiro cheiroso, gentil e aberto a novos voos, a novos sonhos.