O Homem é refém do desenvolvimento
Não é o bárbaro que nos ameaça, é a civilização que nos apavora.
Euclides da Cunha
Quanto a tecnologia nos trouxe de facilidades em tempos não muito distante precisávamos de isolamento, de quietude, para a meditação... hoje não, em qualquer jantar, em qualquer reunião, ou reencontro, temos sempre às mãos um celular, com quem falamos, com quem discutimos, que nos tira dúvidas, e nos afasta do mundo.
Não seria mais fácil se falássemos com quem está à nossa frente querendo dialogar? O seu olhar coaduna com o da pessoa, com quem você divide o espaço? E a voz dela, é lírica ou fanhosa?
Quero ouvir, e não ler letrinhas, pois com o passar do tempo, sem uso, os tímpanos se definharão, e os dedos ganharão novos formatos, que facilitarão a digitação.
Não poderemos ficar de mãos dadas com a pessoa amada, ela precisará da mão para digitar, e talvez as telas dos celulares reflitam “legendas panorâmicas”, para que o casal possa dividir opiniões. Ou só valerá a opinião da “máquina pensante”?
-Juro Sr Bandido, eu não tenho dinheiro, leve meu celular e meu relógio.
-Não se preocupe, eu aceito “pagamentos” no débito, basta que coloque sua senha na minha maquininha, e quanto ao seu celular, pode ficar com ele, temos aparelhos muito mais sofisticados no mercado.
E o avanço da tecnologia não se resume a eletrônicos, que conversam com loucos; mágicos de hoje já não usam cartola, usam malas; não usam moedas, usam dólares, não resgatam as moedas atrás das orelhas das pessoas, mas sim de dentro das cuecas.
David Coperfield hoje seria um ilusionista superado, fazer desaparecer elefantes já não causa admiração: fazendas, apartamentos e aviões têm desaparecido num passe de magia, e a isso chamamos de evolução.
Eu quero de volta o “branquinho” que corrige meus erros de digitação; as mãos sujas, mas que se sujem trocando a fita da máquina, eu quero ouvir, de novo, o barulho das minhas mãos teclando, eu acho que estou querendo de volta... a minha velha máquina de escrever