O caçador de borboletas
Quem deseja pegar borboletas, geralmente, tem de procurá-las. Raramente elas vêm ao seu encontro, como a que pousou, agora, no meu livro aberto, ao lado da rede. Inerte, eu a admiro, em silêncio para não espantá-la. O mais fácil é procurá-las nos jardins, entre as flores, onde elas trocam beijos por néctar, doçura que as atrai. Ou talvez são vistas brincando em extensos gramados, em verdejados prados. Na cidade, são consideradas o símbolo da transformação; e depois de muitas metamorfoses, elas costumam ficar nos parques, nos seus lugares naturais, como os canários da terra.
Há quem colecione borboletas; uns, pela sua beleza; outros, pela sua raridade; e ainda os que vivem a estudá-las, seja para defini-las ou, comparando-as, para diferenciá-las umas das outras. Quem coleciona borboletas as prefere mortas, secas, como se estivessem mumificadas: o contrário seria enfeitando a natureza, vivas, aladas, voadoras, pousando em flores ao seu redor. Mesmo sendo em milhares e em mais de 160 espécies diferentes, nem todas as flores gozaram o prazer de ser beijadas por uma delas; nem todos os que moram na cidade, o privilégio ter visto uma bela borboleta.
Elas têm pouco tempo de vida, no máximo doze meses; vivem intensamente, mas em existência passageira; tão efêmeras que significam efemeridade; e inconstância, porque de repente chegam, pouco demoram, e de repente se vão, formando um panapaná. Enquanto se mostram coloridas, elas inspiram beleza, felicidade, e, se verdes, esperança. Mas, enquanto mutantes, emblemam renovação. Não sei se o caçador de borboletas é uma pessoa feliz; ele sabe de tudo isso, e até conhece suas manhas, mas, com uma rede de filó, mesmo com o cuidado para não machucá-las, ele abrevia suas vidas. E se as machuca, elas se vingam, perdendo seu fascínio. Pode você até desejar, mas por que pegar borboleta? Basta aprisioná-la no nosso desejo, na nossa imaginação...
Quem deseja pegar borboletas, geralmente, tem de procurá-las. Raramente elas vêm ao seu encontro, como a que pousou, agora, no meu livro aberto, ao lado da rede. Inerte, eu a admiro, em silêncio para não espantá-la. O mais fácil é procurá-las nos jardins, entre as flores, onde elas trocam beijos por néctar, doçura que as atrai. Ou talvez são vistas brincando em extensos gramados, em verdejados prados. Na cidade, são consideradas o símbolo da transformação; e depois de muitas metamorfoses, elas costumam ficar nos parques, nos seus lugares naturais, como os canários da terra.
Há quem colecione borboletas; uns, pela sua beleza; outros, pela sua raridade; e ainda os que vivem a estudá-las, seja para defini-las ou, comparando-as, para diferenciá-las umas das outras. Quem coleciona borboletas as prefere mortas, secas, como se estivessem mumificadas: o contrário seria enfeitando a natureza, vivas, aladas, voadoras, pousando em flores ao seu redor. Mesmo sendo em milhares e em mais de 160 espécies diferentes, nem todas as flores gozaram o prazer de ser beijadas por uma delas; nem todos os que moram na cidade, o privilégio ter visto uma bela borboleta.
Elas têm pouco tempo de vida, no máximo doze meses; vivem intensamente, mas em existência passageira; tão efêmeras que significam efemeridade; e inconstância, porque de repente chegam, pouco demoram, e de repente se vão, formando um panapaná. Enquanto se mostram coloridas, elas inspiram beleza, felicidade, e, se verdes, esperança. Mas, enquanto mutantes, emblemam renovação. Não sei se o caçador de borboletas é uma pessoa feliz; ele sabe de tudo isso, e até conhece suas manhas, mas, com uma rede de filó, mesmo com o cuidado para não machucá-las, ele abrevia suas vidas. E se as machuca, elas se vingam, perdendo seu fascínio. Pode você até desejar, mas por que pegar borboleta? Basta aprisioná-la no nosso desejo, na nossa imaginação...