OPORTUNIDADES

Recordo como se fosse hoje, as manhãs que a minha mãe me levava até a escola. Ela acenava para os vizinhos durante todo o percurso. Havia uma senhorinha, que todos os dias varria a calçada e descansava a vassoura, esperando o nosso cumprimento, com um largo sorriso.

Eu querendo ficar calada e a minha mãe insistindo: -fala com as pessoas, menina! ''

Confesso que durante muito tempo permaneceu a dificuldade em saudar pessoas desconhecidas, em puxar conversa. Noutra época, quando ia para o trabalho, passava diariamente em frente a uma casa onde, infalivelmente, estava sentado numa cadeira de balanço de frente para um jardim, um velhinho. Magro, cabelos branquinhos, já bem idoso. Várias vezes fiz menção de cumprimentá-lo e até recordei a minha mãe a dizer:

- Fala com as pessoas, menina!

Mas tanto ele quanto eu, permaneciamos apenas naquela insinuação de um sorriso.

Um dia percebi que ele não estava lá; na verdade, na semana toda não o vi nenhuma vez. Então pensei:” Ele morreu! E eu que nunca falei com ele! Fui adiando e agora não terei mais essa oportunidade…” O tempo passou e sempre me lembrava dele com frustração. Até que um dia o vi lá no seu cantinho e sorri, aliviada. Disse-lhe:

- Boa tarde! Tudo bem?

Todo simpático, respondeu:

- Estou bem, sim, professora! (Ele conhecia-me!)

Tinha chegado de viagem, pois passara uns tempos na casa do filho, no interior. Estava corado e parecia muito saudável.

Aquilo levou-me a refletir sobre adiar e perder oportunidades, em várias circunstâncias da vida.

Nem sempre os pores do sol que gosto de ver, a minha profissão dos sonhos e as pessoas que eu amo, vão se sentar numa cadeira de balanço e pela segunda vez esperar-me passar.

Não espere… não protele...

Se necessário, diga adeus, mas, mas nunca deixe de dizer olá...

Como disse Jesus Cristo, aquele que, ressurreto, saudou os seus discípulos “Shallon!” (Paz, saúde e prosperidade).

Rosilayne Vasconcelos
Enviado por Rosilayne Vasconcelos em 01/03/2018
Reeditado em 26/01/2023
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