Abismo Nublado

Falando em autoproteção, decidi que estava na hora de viver um momento de introspecção e fazer alguns passeios internos. Essa coisa se ouvir/sentir sua própria respiração realmente é combustível. O único perigo nessa viagem, é que dentro de nós podemos encontrar coisas que estavam camufladas por inúmeras vezes de bochechas contraídas.

Assim, chorei sem ser ano novo, sem estar na TPM e sem ter me perdido da mãe no mercado com 5 anos. Me questionei coisas. Fiquei com raiva de mim por lamentá-las. Mas tinha a alma tão acessível que senti o toque da voz amiga: não se condene tanto por estar mal. Foi tão doce que facilitou aceitar como uma condição natural e importante para meu retiro interno.

Depois veio um alívio. O brilho da lua me tocando com mais intensidade. Cheiro de chuva. Fruta mais doce.

Nem sempre somos aquilo que as pessoas veem. E por algum motivo eu estou sempre me preocupando com o quanto isso é a impressão que elas têm ou o que demonstro. Tenho um tremendo medo de me perder e viver sendo o que eu não queria. Por fim, eu fico vulnerável quando faço essas autoanálises e isso facilita que eu absorva ainda mais a energia das pessoas. E sabemos, nem só de boas energias vive esse mundo. Dei-me um descanso e comprei uma turmalina, por garantia.

“Cuidado moça, nem todos têm corações como o teu” – Eu sei. E que sorte a deles. Por enquanto, se me virem de olhos fechados, não se preocupem. É que eles estão abertos para dentro.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 01/03/2018
Reeditado em 01/03/2018
Código do texto: T6267777
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