Em meio à neve

Ontem a noite eu estava aguardando uma nova tentativa de ver a Aurora boreal em sua plenitude, mas dessa vez através da janela do meu quarto pois o frio, pior que na noite anterior, estava realmente insuportável. Olhando aquela paisagem, uma obra de arte natural, pensei alto e exclamei que ali, naquele lugar, poderia aparecer, como em um filme ou programa de tv, algum animal selvagem, perdido em meio seu objetivo de sobrevivência para terminar de compor aquele cenário, deslumbrante. Hipnotizado pelo céu e pela floresta congelada, uns 15 minutos depois percebo um movimento próximo, logo abaixo da janela, e então vejo ali andando calmamente, com seu balanço felino, um puma em direção à uma trilha que eu havia percorrido horas atrás passeando pela floresta. Não sei se foi minha alegria ou não, que naquele momento transcendia planos astrais, mas meio que por instinto, o fez parar ali perto e deitar-se na trilha por algum tempo. Ele ficou ali, próximo, a admirar aquele céu estrelado marcado por montanhas e árvores, parado no meio da neve. O tempo parou naquele momento, para mim claro. 20 minutos depois, levantou-se, seguiu floresta adentro e desapareceu. No fim da noite a Aurora Boreal, como era esperado pela análise metereológica, surgiu novamente, incandescente, mas desta vez somente para completar aquela obra de arte que fora criada em minha mente, agora eternamente.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 01/03/2018
Reeditado em 21/01/2022
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