ALFABETIZADO QUE NÃO LÊ

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, realizada em 2009, citada no portal www.globonotícias/ quase 500 mil crianças brasileiras entre 10 a 14 anos são analfabetas.

Existem duas formas de interpretar o analfabetismo. Podemos considerar analfabeta pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, frases de textos curtos e números são incapazes de interpretar textos e fazer as operações matemáticas. Outra forma de entender o analfetismo é levando em consideração a escolaridade em atraso. Por exemplo, pessoas com idade superior a 15 anos e com nível escolar inferior a quatro anos.

Uma terceira forma de ver o analfabetismo é em relação aos alfabetizados que não leem. Estamos nos referindo àqueles que muitas vezes tem curso superior, mestrado, doutorado e ignoram certos conhecimentos pela preguiça de ler. Ou por outra, pela falta de motivação que encerram certas leituras.

Por exemplo, você lê o prazo de validade dos produtos que você consome? Deixando de lado um pequeno número de pessoas que tem isso como hábito a maioria não confere nas embalagens até quando o produto está em condições de ser consumido. Outra coisa interessante também é que na compra de eletrodomésticos o manual raramente é consultado pelo consumidor. Assim, ele deixa de utilizar vários recursos que poderia facilitar sua vida por simples ignorância.

Muitos textos desestimulam a leitura e parece que propositalmente. As apólices de seguro, por exemplo, colocam certas informações com letras tão minúsculas que somente uma pessoa muita curiosa decifra o enigmático. As franquias e as garantias principalmente estão incluídas nesta “fala”.

Somos muitas vezes “obrigados” a aderir planos, a concordar com certas regras sem a devida leitura. Todos nós já aceitamos um plano de internet, uma autorização para utilizar alguns recursos técnicos, sem ler na íntegra do que está nas entrelinhas porque a leitura não é convidativa. As letras, os espaços e o tamanho do texto, nos levam a clicar no “aceito o termo de adesão” sem nem mesmo saber exatamente o que está contido ali. Você já fez isso alguma vez? Já assinou alguma “Ata” sem ler o conteúdo que o secretário transcreveu para aquele livro?

Em relação a bula de remédio, somos na maioria analfabetos. Ingerimos remédios sem nem sequer saber pelo menos o princípio ativo do medicamento. A receita prescrita pelo médico é impossível de ser decifrada. Existe até uma recomendação direcionada aos médicos para escrever de forma legível os remédios recomendados aos seus pacientes.

O alfabetizado que não lê, pode pagar caro por esta atitude errônea. Citamos por exemplo, o ocorrido com o Sr. Santiago. Um homem culto, inteligente, administrador de uma empresa renomada. Certo dia utilizou-se de um medicamento sem ler a bula. Estava com uma tremenda dor de cabeça e foi na sua “farmacinha caseira” a procura de tandrilax. Ingeriu um comprimido de uma cartela idêntica a do referido comprimido, porque o tamanho e a cor também eram semelhantes. Só que não se tratava de relaxante muscular e sim de um laxante, ou seja, um purgante que lhe provocou cólicas intestinais ao invés de sarar a dor de cabeça. E o pior de tudo, teve que ficar que nem “Rei” sentado no trono por muitas e muitas horas.

Do livro Lero-Lero/ Página 35/ Ano 2011/Autoria: Maria Dilma Ponte de Brito

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 01/03/2018
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