Viajar é um grande prazer estampado em cada paisagem.
Por onde passo, a alma pousa os olhos com carinho e gratidão, levando de cada ínfima partícula o assombro contagiante da vida em estado de primavera plena ! Ah... A natureza é mesmo perfeita !
 
Viajar é sim um imenso prazer, mas estar de volta, em casa, é igualmente maravilhoso.
 
Adentrar os átrios da minha terra e perceber o aconchego todo ali, incólume e puro, como o deixei. E mergulhar à nudez do meu chão... Os pés descalços à canela, as almofadas macias e displicentes, os livros à mão, o cheiro gostoso das páginas, a poesia que nesse espaço respira : os ficus, os buxus, as samambaias, os gerânios, os cissus, as suculentas, os paus-d'água, as palmeiras, as espadas-de-são-jorge, as agaves, as arécas-bambu, as estrelitzas e seus pássaros deslumbrantes - Aves com raízes tão profundas e vôos demasiadamente altos ! ( Ah, o homem tem tanto a aprender com a antiga mãe ! ), as heras, as avencas, os coqueiros, as taquaras, as dracenas, as ixoras, as violetas, as flores-de-mel, as roseiras, os lírios, os lírios... Ah os lírios !!!
 
Que saudade estava do abrigo desse manancial !
 
Os amigos costumam dizer que a minha casa é uma floresta rs. Gosto de chamá-la de "meu jardim".
As janelas estão sempre abertas para os primeiros raios de sol e à brisa fresca da manhã que chega de mansinho disseminando o aroma das flores dispostas à mesa.
Por vezes pássaros entram, pousam nas cortinas e nos candelabros, entoam cantos afinados, amalgamam-se aos galhos e completam a minha alma. Noutras, são os beija-flores e as etéreas borboletas que trazem movimento, adentram a intimidade e harmonizam tudo por dentro.
 
Que vontade estava do meu jardim !
Toco-o, rego-o, afundo as mãos nas ramagens e na terra, sinto a energia escalando por meus dedos, me misturo a ela. Acendo um incenso de alfazema, abraço o violão e dedilho àquela exuberância e à alma tão saudosa dos acordes.

 
Ahhh... Estou em casa
Estou no meu jardim e vivo, universalmente, a sua essência !

 







Da serie Pajadores do sul 


 


DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 28/02/2018
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