O TRIO ESTÁ FORMADO

O TRIO ESTÁ FORMADO

Já apresentei a vocês o Nonô e o Quequé. Para situações cerimoniosas ou cheias de mesuras são conhecidos como Claudionor e Albuquerque. A distância, com nomes pomposos, a dupla não dá margem a especulações sobre o após expediente da repartição. Um parêntese: taí palavra que caiu de moda. Ninguém mais fala “repartição”. Respeitemos, todavia, a denominação. Afinal, é o xodó de ambos. É um tal de repartição prá cá, repartição pra lá, que aos ouvidos dos menos avisados soa como a divisão do butim ou rateio de propinas. Fecha o parêntese: os dois são inseparáveis e incorruptíveis. Mas sempre estão de olho comprido nas colegas da seção. Assédio é palavra suprimida dos seus dicionários. Alegam que não há pecado em olhar com os olhos e lamber com a testa. Que mal tem elogiar o novo penteado? Ou dizer que a cor do batom dá aos lábios dela um jeitinho de Angeline Jolie?

Assim vão levando as melancias com a certeza de que elas se arrumarão no andar da carruagem. Tudo dentro dos conformes, de acordo com as normas das cartilhas preparadas pela Jandira e Lindaura, as patroas de Nonô e Quequé, respectivamente. O caldo só entorna quando termina o expediente e encontram o Bevilaqua. Aí ficam naquela do “desce mais uma” e “que tal um lambarizinho frito?”. A coisa se complica porque o mulato Bevilaqua tem carta de alforria e gargalhada sempre aberta. A tal ponto que é conhecido como Quaquá. Apelido que não tem vício de origem: sorriso largo, sempre junto com Quequé e o nome é Bevilaqua. Queriam o quê? Que chamassem ele de Tião? Zé? Só poderia mesmo ser Quaquá...

Não se podia dizer que fosse um pedaço de mau caminho; mas sabia todos os atalhos dos caminhos do mal. E, graças ao currículo, ia à frente mostrando o rumo das quebradas. Para se conhecer melhor o Bevilaqua dou uma pista: em sua carteira não podem faltar documento de identidade e preservativo. Mas a razão fica para a próxima crônica, contrariando um pouco a filosofia de Nonô, “nada de salamaleques e delongas”. Portanto, "esteja pronto para o que vier e der...”. (Zaga Mattos – 26/02/2018)

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