POUCA INTELIGÊNCIA NO UNIVERSO

Já se passando bons quarenta anos, não esqueço de quando li “Cosmos” de Carl Sagan. No Livro Sagan apresenta uma equação. Cada planeta do Sistema Solar está a uma distância do sol não por acaso. A distância correta podia ser calculada por aquela equação. Para quem achá-lo recomendo a leitura. O meu é uma relíquia guardada.

Mas havia um problema. Para resolver a equação era preciso uma calculadora científica. Muitos riram agora né! Pois é, mas isso foi a quase meio século atrás. Nada de computador ou Windows. Na minha cidade nem vendiam calculadoras científicas. Então precisei encomendar uma. Paguei o equivalente a seiscentos reais na época.

Acham que me preocupei com o preço? Nem um pouco. O objetivo traçado era resolver a equação. Quando resolvi foram fogos de felicidade para todos os lados. De repente, me senti inteligente. Claro que vou entender aqueles que estão se perguntando: Inteligente? Pagar seiscentos reais por uma calculadora científica?

Na semana passada, Richard Dawkins colocou minha inteligência em dúvida. Em “O Gene Egoísta” ele escreve: "A vida inteligente em um planeta torna-se amadurecida quando pela primeira vez compreende a razão da sua própria existência". Não basta ser inteligente. Ela precisa amadurecer.

Brincadeiras sobre inteligência à parte, a raça humana ainda não se deu conta da sua raridade no Universo. Diante dessa raridade, é aceitável como normal a procura por divindades criadoras. Apesar de não ser inteligente.

A possibilidade de se encontrar vida no Universo está acima dos 95% de chances. E a possibilidade de se encontrar vida inteligente? Neste caso, eu diria que é menos de 5%. No Universo evolução, sorte e inteligência são raridades.

Sem colocar a água e o oxigênio na equação, se o planeta Terra orbitasse um Sistema Solar binário com dois sois. Sem estar na distância exata do sol. Se na geologia do planeta não houvesse vulcões e terremotos não estaríamos aqui. Sem contar que no caminho dos dinossauros havia um asteroide. Estamos aqui graças a ele também.

Eu diria que o Universo é um “Jardim do Éden” para a vida. Células se reproduzindo em sopas primordiais. Porém, para que alguma espécie desse jardim evolua até o faiscar da inteligência o caminho precisa não ser apenas perfeito. Uma dose de sorte das grandes é necessária.

Acho impossível nossa inteligência amadurecer a ponto de compreendermos a razão de existir. E acho possível que ela nos leve à extinção. Não acho que seja raro o Universo presenciar a extinção de raças inteligentes. A humana não verá o alvorecer do quarto milênio. Até lá, não somos os únicos nesta imensidão, mas somos sortudos e raros.