GESTAÇÃO DO SILÊNCIO...
Estou em silêncio, gestando o futuro, um futuro ainda incerto, que virá á luz pelos atos, fatos, sentimentos vivenciados no passado!
Neste presente de ausências, sinto cada vez mais a presença de mim mesmo, com todas as angústias, alegrias, que trago e guardo comigo... – Ou que me trazem e guardam consigo!
Estou só, embora existam tantos ao meu lado, tantos que esperam de mim a satisfação de seus próprios desejos, e que de tão inebriados por eles, mal enxergam a mim, estático tem vezes, esbravejando noutras, á sua frente...
O sorriso não se desfez! – Espera um momento mais oportuno para mostrar os próprios dentes...
O brilho dos meus olhos está escondido por detrás de lágrimas, temperadas com açúcar e sal, insistente...
Sigo! - Pois o caminho é só meu e é só minha a estrada que se descortina sob meus passos... Outro caminho? Outra estrada? – Só se eu mesmo mudar a direção e seguir!
Ouvi que tem horas, como agora, que temos que ver as coisas boas da vida, que vem misturadas ás lágrimas e decepções... O bom é que eu estou mudando... O mal é que dói demais mudar... Estava tão acostumado em como era antes... Confortável até!
E o pior é que em me transformando, estarei o fazendo só, e esta mudança estará em mim mesmo, enquanto os outros estarão tão os mesmos quanto agora... - As mudanças em nós talvez tenham diferentes graus...
É mais um passo na minha caminhada, outra página escrita de minha história... Outro ser para mim mesmo... Antes que a terra me absorva, sufocando de vez esta minha consciência de mim mesmo, - se é que ela, a minha consciência não evole pelo ar rumando ao infinito!
Estou em silêncio, mas o meu pensamento dá voltas em torno de si mesmo...
Espirais!
Dentro do meu ser sinto os movimentos de meu rebento, ainda incerto de quando irá arrebentar...
Tanto amor, tanto carinho e tanto afeto! -Juro que não sabia que me amava tanto assim... E mais...
Naufrago em busca de algum apoio diante da tempestade que se avizinha, e do mar que o quer naufragar...
Estou em silêncio?
E estes escritos não são palavras? Não corrompem este silenciar?
Espirais...
É hora de calar a boca dos dedos... Calar a boca dos pensamentos... Calar a boca dos sentimentos... – Respirar de olhos fechados! No meu quarto escuro! Na parte que me cabe neste latifúndio...
E esperar como os orientais, que o filho que estou gestando, o futuro que o passado inseriu em mim seja prospero... Seja paz!
E em não fazer como fazem aqui nos trópicos; festejar de antemão o que virá, e o que será, é antes preservar a mim mesmo, na caminha vindoura... Pois, se eu me alegrei pelo que vivi, e se eu sofri pelo que vivi, por não ter em mãos a justa medida de um e de outro, não quero me enganar outra vez... - Embora prosperidade e paz, sejam atributos de agora, pura expectativa para o que será... – Para o que virá!
No seio de mim o futuro se agita! – Será um pé, uma mão, um braço que se movimenta em busca do pai?
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
30/01/2018
*ILUSTRAÇÃO RETIRADA DA NET:
"El vacío del alma", escultura en bronce de Jean Louis Corby, Ginebra.
Estou em silêncio, gestando o futuro, um futuro ainda incerto, que virá á luz pelos atos, fatos, sentimentos vivenciados no passado!
Neste presente de ausências, sinto cada vez mais a presença de mim mesmo, com todas as angústias, alegrias, que trago e guardo comigo... – Ou que me trazem e guardam consigo!
Estou só, embora existam tantos ao meu lado, tantos que esperam de mim a satisfação de seus próprios desejos, e que de tão inebriados por eles, mal enxergam a mim, estático tem vezes, esbravejando noutras, á sua frente...
O sorriso não se desfez! – Espera um momento mais oportuno para mostrar os próprios dentes...
O brilho dos meus olhos está escondido por detrás de lágrimas, temperadas com açúcar e sal, insistente...
Sigo! - Pois o caminho é só meu e é só minha a estrada que se descortina sob meus passos... Outro caminho? Outra estrada? – Só se eu mesmo mudar a direção e seguir!
Ouvi que tem horas, como agora, que temos que ver as coisas boas da vida, que vem misturadas ás lágrimas e decepções... O bom é que eu estou mudando... O mal é que dói demais mudar... Estava tão acostumado em como era antes... Confortável até!
E o pior é que em me transformando, estarei o fazendo só, e esta mudança estará em mim mesmo, enquanto os outros estarão tão os mesmos quanto agora... - As mudanças em nós talvez tenham diferentes graus...
É mais um passo na minha caminhada, outra página escrita de minha história... Outro ser para mim mesmo... Antes que a terra me absorva, sufocando de vez esta minha consciência de mim mesmo, - se é que ela, a minha consciência não evole pelo ar rumando ao infinito!
Estou em silêncio, mas o meu pensamento dá voltas em torno de si mesmo...
Espirais!
Dentro do meu ser sinto os movimentos de meu rebento, ainda incerto de quando irá arrebentar...
Tanto amor, tanto carinho e tanto afeto! -Juro que não sabia que me amava tanto assim... E mais...
Naufrago em busca de algum apoio diante da tempestade que se avizinha, e do mar que o quer naufragar...
Estou em silêncio?
E estes escritos não são palavras? Não corrompem este silenciar?
Espirais...
É hora de calar a boca dos dedos... Calar a boca dos pensamentos... Calar a boca dos sentimentos... – Respirar de olhos fechados! No meu quarto escuro! Na parte que me cabe neste latifúndio...
E esperar como os orientais, que o filho que estou gestando, o futuro que o passado inseriu em mim seja prospero... Seja paz!
E em não fazer como fazem aqui nos trópicos; festejar de antemão o que virá, e o que será, é antes preservar a mim mesmo, na caminha vindoura... Pois, se eu me alegrei pelo que vivi, e se eu sofri pelo que vivi, por não ter em mãos a justa medida de um e de outro, não quero me enganar outra vez... - Embora prosperidade e paz, sejam atributos de agora, pura expectativa para o que será... – Para o que virá!
No seio de mim o futuro se agita! – Será um pé, uma mão, um braço que se movimenta em busca do pai?
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
30/01/2018
*ILUSTRAÇÃO RETIRADA DA NET:
"El vacío del alma", escultura en bronce de Jean Louis Corby, Ginebra.