EU CREIO

Eu creio em que novas figueiras vão brotar, e crescer, e dar, finalmente, bons frutos, para que aquelas que não saibam produzir, venham a ser cortadas e atiradas no do fogo da purificação.

Eu creio na luz, que não vai ficar escondida sob o alqueire, porque é a luz do mundo, que vai brilhar e acender em todas as paradas por onde as almas passem.

Eu creio nas mãos que receberam talentos e saberão multiplica-los, e não deixarão cair pelo caminho estéril, mas vão abriga-los no solo fértil de corações bondosos, para que despertem e ofertem sombras e frutos.

Eu creio na chegada triunfal de pastores heróicos, que virão para trazer as ovelhas, que se transviaram sem saber por que, ou mesmo sabendo, não acham sozinhas agora o caminho de volta, e precisam da benção de seus guias para retornar ao Aprisco Divino.

Eu creio nas moradas, que o Mestre foi a vos preparar: elas existem, muito além das nuvens, mais distantes que o infinito alcançado pelo olhar humano; elas estão edificadas pelas boas obras de cada um, sendo estreitas as suas portas de entrada, mas tão largas que parecem não existirem as portas de saída para o paraíso, que um dia o homem perdeu, mas breve poderá reconquistar.

Eu creio na mão que não atirou a primeira pedra, e na pedra que não feriu a pecadora, porque todos os pecados do mundo serão sepultados na Misericórdia do Pai, e nascerão flores e cantarão pássaros, em cores a harmonias siderais.

Eu creio no caminho, que nem sempre é reto e liso, mas vos leva a finalidade da alma.

Eu creio na bondade que nem sempre é doce e bem fantasiada, mas garante o céu para o interior das criaturas.

Eu creio na vida, que nem sempre é de risos, que, às vezes, é de dores, outras de incertos sentimentos, como a dúvida.

Eu creio em tudo isso. Creio até no mal, porque, é a desvirtude do bem: na ilusão, porque é a fantasia da realidade; na esperança, porque é a provocação para a alma buscar a fé.

Creio em tudo isto, pois que tudo é de Deus. E Nele eu creio, acima de todas as fraquezas e de todas as fortalezas do próprio universo.

Jaubert
Enviado por Jaubert em 27/08/2007
Código do texto: T626218