Narrativas de uma mente inquieta - O PÓS

--> foi numa tarde de janeiro que a vi sentada ali segurando os joelhos como se o mundo fosse acabar ...

Mas espere. Aquele mundo de fato acabou, e ela não lamenta mais ele. Ah se soubesses o quanto ela não lamenta mais ele. Não é mais sobre fazer o tempo voltar, na verdade nunca foi sobre fazer o tempo voltar. As pessoas não compreendiam o luto dela porque simplesmente nem ela compreendia. Por deus, porque é que ela estava de luto? Aquilo não foi nem de longe mais próximo da morte, aquilo foi renascimento. Foi uma apoteose. A fênix saiu de dentro dela e mesmo assim permaneceu lá sentada por meses segurando os joelhos simplesmente porque não via como libertação. Ainda hoje titubeia com alguma dúvida sobre o quanto ela foi verdadeiramente amada ou uma lembrança besta, mas lembranças são coisas que estão gradativamente sumindo. Ás vezes até faz força para recordar da fisionomia daquele mundo que acabou. Ela já não lamenta mais ele.

.

.

Referência ao primeiro texto com esse título - pg.2 de 8/06/17

.

.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 22/02/2018
Código do texto: T6261151
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.