FORASTEIROS
Diário de minhas andanças
(19/03/2012)
De repente, ela estava ali.Silenciosa,quase estática.
[A velha laranjeira albergando-lhe em galhos envelhecidos]
Uma delicada presença alada insinuando-se naquilo de mais perfeito que a natureza ousara desenhar.
Por vezes parecia-me fixar-se num ponto qualquer, numa partícula do infinito azul que só aquêle olhar ligeiro era capaz de captar.
Extasiado, pus-me a observa-la:
Inquieta, ela tentava um novo aposento.
Equilibrava-se.
Então, no mais alto da galhada, acomodou-se feito menina vislumbrada com visões de sótãos.
Retomei na memória a janela do sótão de minha infância.
Num lapso de tempo fiz-me arremedo de menino passarinho...
[ Com vontade de voar ! ]
Anilado céu derramava-se em cetim sobre a preguiça das heras. Pendiam laranjas temporãs ,
feito filhas paridas antes do tempo na fragilidade daqueles troncos que ainda agasalhavam pássaros.
Na tarde azul, uma adorável forasteira invadira o sol do meu quintal.
São recados de outono, confabulei com meus botões.
Libertei-me das amarras e a acolhi no albergue da alma.
[ Sutilezas de outonos... ]
Outono do tempo: De folhas ao vento, de aragens brandas, de céus de caqui...
Outono do “meu tempo”: De páginas reviradas ao vento, de emoções abrandadas, de céus de nostalgia, de lembranças tantas...
[ Lembranças daquele que um dia fui, daquilo que fiz, daquilo que não ousei , daquilo que deixei por fazer...]
Envelhecida laranjeira que ainda atreve-se a idealizar primaveras enquanto hospeda alares itinerantes.
Carcomida,esta minha presença sob tuas ramagens a pintar aquarelas destes teus ideais primaveris.
Porque você os tem ! É claro.
Talvez não estejamos, assim, tão errados em nossas metas,posto que haverá sempre a expectativa de uma nova estação.
Então,que nossos sonhos voejantes na cor da esperança, sejam perenes forasteiros a invadir o sol de novos quintais.
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado.Preservados os comentários ao texto anterior:
16/09/2012 15:02 - Lisyt
Joel, como admiro seus textos e suas fotos! Sua sensibilidade emociona e encanta meu coração. Bom saber que você existe. Como pássaro forasteiro, acho o outono a mais bela das estações, e tento aproveitar suas longas tardes coloridas. Abraço
17/04/2012 23:28 - Lilian Reinhardt
Simplesmente mágica essa prosa. Para respirar e olhar desse sótão encantado da laranjeira o movimento dos sonhos da vida. Obrigada poeta pela magia de sua palavra! abço gde
21/03/2012 22:55 - Maria Olimpia Alves de Melo
Amo o outono e suas sutilezas. Amo esses textos suaves que vc escreve e esse em especial marcando a chegada dessa estação.
21/03/2012 00:07 - Chico Chicão
Meu caro Joel das belezas polacas de Irati do meu Paraná querido.Depois da beleza deste texto,eu desejo,sinceramente que:*...nossos sonhos voejantes sejam pássaros forasteiros a invadir o sol de novos quintais.* Pois.o Poeta é um Sonhador e só Ele pode transformar o Mundo. Escreva mais,Joel.Obrigado.Fique na paz!
20/03/2012 10:16 -
Sensibilidade nostálgica amigo Joel.A tua forma de captar imagens que geralmente passam despercebidas aos olhos de simples mortais,demonstram a tua enorme sensibilidade poética. A vida nos premia todos os dias com cenas esplendorosas como estas.Só as vê, quem tem olhos de ver.Abraços meu amigo,mas acho que a Giustina ainda não conseguiu descobrir sobre as "jornas".
19/03/2012 20:58 - ania
Um texto docemente nostálgico, simplesmente maravilhoso...me encantei te lendo e admirando as fotos, meus parabéns por tua sensibilidade tão a flor da pele! abraços meus...
19/03/2012 20:53 - blanca flores
EXCELENTE TEXTO!! FELICIDADES
Diário de minhas andanças
(19/03/2012)
De repente, ela estava ali.Silenciosa,quase estática.
[A velha laranjeira albergando-lhe em galhos envelhecidos]
Uma delicada presença alada insinuando-se naquilo de mais perfeito que a natureza ousara desenhar.
Por vezes parecia-me fixar-se num ponto qualquer, numa partícula do infinito azul que só aquêle olhar ligeiro era capaz de captar.
Extasiado, pus-me a observa-la:
Inquieta, ela tentava um novo aposento.
Equilibrava-se.
Então, no mais alto da galhada, acomodou-se feito menina vislumbrada com visões de sótãos.
Retomei na memória a janela do sótão de minha infância.
Num lapso de tempo fiz-me arremedo de menino passarinho...
[ Com vontade de voar ! ]
Anilado céu derramava-se em cetim sobre a preguiça das heras. Pendiam laranjas temporãs ,
feito filhas paridas antes do tempo na fragilidade daqueles troncos que ainda agasalhavam pássaros.
Na tarde azul, uma adorável forasteira invadira o sol do meu quintal.
São recados de outono, confabulei com meus botões.
Libertei-me das amarras e a acolhi no albergue da alma.
[ Sutilezas de outonos... ]
Outono do tempo: De folhas ao vento, de aragens brandas, de céus de caqui...
Outono do “meu tempo”: De páginas reviradas ao vento, de emoções abrandadas, de céus de nostalgia, de lembranças tantas...
[ Lembranças daquele que um dia fui, daquilo que fiz, daquilo que não ousei , daquilo que deixei por fazer...]
Envelhecida laranjeira que ainda atreve-se a idealizar primaveras enquanto hospeda alares itinerantes.
Carcomida,esta minha presença sob tuas ramagens a pintar aquarelas destes teus ideais primaveris.
Porque você os tem ! É claro.
Talvez não estejamos, assim, tão errados em nossas metas,posto que haverá sempre a expectativa de uma nova estação.
Então,que nossos sonhos voejantes na cor da esperança, sejam perenes forasteiros a invadir o sol de novos quintais.
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado.Preservados os comentários ao texto anterior:
16/09/2012 15:02 - Lisyt
Joel, como admiro seus textos e suas fotos! Sua sensibilidade emociona e encanta meu coração. Bom saber que você existe. Como pássaro forasteiro, acho o outono a mais bela das estações, e tento aproveitar suas longas tardes coloridas. Abraço
17/04/2012 23:28 - Lilian Reinhardt
Simplesmente mágica essa prosa. Para respirar e olhar desse sótão encantado da laranjeira o movimento dos sonhos da vida. Obrigada poeta pela magia de sua palavra! abço gde
21/03/2012 22:55 - Maria Olimpia Alves de Melo
Amo o outono e suas sutilezas. Amo esses textos suaves que vc escreve e esse em especial marcando a chegada dessa estação.
21/03/2012 00:07 - Chico Chicão
Meu caro Joel das belezas polacas de Irati do meu Paraná querido.Depois da beleza deste texto,eu desejo,sinceramente que:*...nossos sonhos voejantes sejam pássaros forasteiros a invadir o sol de novos quintais.* Pois.o Poeta é um Sonhador e só Ele pode transformar o Mundo. Escreva mais,Joel.Obrigado.Fique na paz!
20/03/2012 10:16 -
Sensibilidade nostálgica amigo Joel.A tua forma de captar imagens que geralmente passam despercebidas aos olhos de simples mortais,demonstram a tua enorme sensibilidade poética. A vida nos premia todos os dias com cenas esplendorosas como estas.Só as vê, quem tem olhos de ver.Abraços meu amigo,mas acho que a Giustina ainda não conseguiu descobrir sobre as "jornas".
19/03/2012 20:58 - ania
Um texto docemente nostálgico, simplesmente maravilhoso...me encantei te lendo e admirando as fotos, meus parabéns por tua sensibilidade tão a flor da pele! abraços meus...
19/03/2012 20:53 - blanca flores
EXCELENTE TEXTO!! FELICIDADES