Canudos e outras Guerras
Canudos, Palmares, Rocinha....são as mesmas guerras, com objetivos / justificativas diferentes, mas todas iguais!
Mas, abordando especificamente Canudos, oficialmente a campanha teria durado cerca de um ano, de outubro de 1896 até 5 de outubro de 1897. Terminou, todos os que deveriam ser varridos da face da terra foram eliminados, o mal foi extirpado e a República saiu fortalecida como até então não o fizera. Ponto pra ela, só que não!
A favela mudou de lugar. Os estropiados ex-combatentes foram se alojar nos morros da então Capital Federal, onde já se aglomeravam os ex-escravos. Canudos, com inúmeros outros nomes, ressurgia aqui e ali, no entanto, no Rio de Janeiro, foi maior a semelhança, tanta que até o nome favela foi trasladado; favela era denominação de morros da região de Canudos onde havia essa planta – favela– em abundância.
Não há aqui nenhuma intenção de fazer um estudo sociológico, muitos já o fizeram, Euclides da Cunha sobretudo; apenas parto da constatação que estas guerras, da forma que foram e vêm sendo empreendidas, já nascem perdidas. Há tempos se desenrolam, ganham novos capítulos, mas o desfecho é sempre o mesmo. É impossível vencer a miséria com violência pelo simples fato de que a violência vai sempre e sempre gerar nova e mais sólida miséria.
E continuará eternamente o ataque das forças estabelecidas, do Estado organizado, seja ele qual for em que tempo for, tentando pôr ordem no caos, buscando entrar nas vielas sem nome com seus tanques de guerra, esmagando os que são bandidos e utilizam a massa pobre como escudo, e os que não são bandidos utilizados pelos bandidos como escudos. Esse é o eterno roteiro até que um roteirista genial - mais que isso, transcendental - o transfigure!