As Copas em Minha Vida (IV)

Conforme o prometido no capítulo anterior, a saga sobre a influência das copas do mundo em minha vida continua.

Contei a vocês sobre a Copa de 1990 e agora chegamos a 1994.

Naquele ano, fiquei um pouco fora do âmbito escolar enquanto decidia o que fazer da vida.

E cheguei a época dos meus bons 18 anos, época em que a maioridade é atingida por todos.

Em meio a partidas de basquete lá no antigo Parque do Trabalhador (atual Sesi), muitas leituras, jogos de videogame e de futebol no campinho, além de uma surra inesquecível da vassoura Feiticeira onde digo a vocês que isso doeu pra caramba e que foi bem merecida mesmo, lá fui eu assistir a quinta Copa do Mundo da minha vida, a de 1994 nos Estados Unidos.

Esportivamente falando, foi um ano daqueles pra se esquecer. Principalmente depois da morte brutal do Ayrton Senna ocorrida em Imola naquela triste e célebre curva Tamburello.

Naquele dia, quando aquele carro da Williams se espatifou no muro, morreu-se aqui um dos grandes heróis do esporte brasileiro e vi tudo aquilo pela televisão com um misto de tristeza e perplexidade.

Era uma época em que os álbuns de figurinhas começavam a ser uma coqueluche entre a gurizada da cidade e nós aderimos a essa onda rapidamente. Lembro-me como se fosse ontem. Meus irmãos e eu correndo atrás de figurinhas raras naqueles tempos como Maradona, Roberto Baggio, Romário, Klinsmann e tantos outros craques que povoavam nossa imaginação e nossos jogos no campinho que havia atrás do colégio infantil na Cohabduque.

Pra minha tristeza, só faltou a figurinha de dois desconhecidos zagueiros nigerianos Stephen Keshi e Benedict Iroha para completar o álbum.

Voltando a Copa em si, vi uma Seleção Brasileira com sangue nos olhos e uma gana incomum de mostrar aos torcedores que poderia trazer o caneco pra casa mesmo seu estilo de jogo não agradando a ninguém.

A Copa de 1994 houve partidas de alto nível e com doses cavalares de emoção, apesar de tecnicamente ainda estar aquém do que eu esperava.

Achei que jamais viria um gol tão belo como aquele do Maradona em 1986, mas naquela Copa houve alguém que fez um gol tão maravilhoso como aquele. Um ilustre desconhecido vindo da Arábia Saudita chamado Owairan.

No jogo contra a Bélgica ele partiu do meio-campo com a bola dominada, deixou cinco belgas pelo caminho, o Preud´homme sentado no chão e tocou para o gol vazio dando a vitória para a Arábia Saudita naquele jogo.

Já os jogos do Brasil foram verdadeiros testes pra cardíacos. O time sempre esteve a beira de ser eliminado, mas encontrava forças de onde não tinha pra reverter a situação e seguir na competição.

E a medida que avançava na competição, mais certeza tinha de que o título enfim viria para o Brasil após 24 anos de espera.

E então, o grande dia chegou.

A final entre Brasil e Itália. Duas seleções que brigavam pelo tetracampeonato. Uma final que jamais pensei assistir em minha vida.

Lá estava eu junto com minha irmã Tanise e meu amigo Fábio na frente da televisão com uma baciada de pipocas no sofá torcendo e sofrendo como nunca naquele jogo que mais parecia uma partida de xadrez.

O tempo normal terminou e o gol não saiu pra nenhum dos lados. E nós estávamos assim com o coração já saindo pela boca.

Veio a prorrogação e nada de gols. Chances foram escassas pros dois lados e a partida iria mesmo para os pênaltis.

A disputa seguia acirrada. Cada goleiro havia defendido um pênalti e o desfecho estava próximo.

Quando Roberto Baggio bateu seu pênalti para as nuvens, a comemoração enfim havia começado.

Risos, gritos, fogos de artifício, buzinaços, lágrimas e tudo aquilo que possa imaginar aconteceu naquele dia.

O Brasil enfim chegou ao título tão esperado após tanto tempo. Com a garra e a vontade de vencer aliada a lampejos de genialidade e técnica apurada em uma equipe certamente das mais improváveis e mais criticadas que já ouvi falar.

Agora, com um peso tirado das costas, era só esperar 1998 para o Brasil confirmar sua supremacia no futebol, porém os deuses do futebol tinham outros planos.

Enquanto isso, eu tinha retomado a carreira escolar e passei por altos e baixos nesses quatro anos.

Passei no vestibular da então Etfpel (hoje IF-Sul), mas não me adaptei por lá e após dois anos de problemas sem fim e de uma terrível mentira que desencadeei, saí de lá tentando me reencontrar no âmbito escolar fazendo um curso no Uni-Colégio para formar-se no Segundo Grau.

Mal saberia eu que iria ter uma grande conquista pela frente.

Essa, no entanto, é outra história.

A saga continua.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 21/02/2018
Código do texto: T6260415
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