UM TORNADO PASSOU AQUI

UM TORNADO PASSOU AQUI

(Genaura Tormin)

Um tornado passou, de novo, na minha casa!

Estou agora tentando fabricar portões, pois minha resiliência não mais se mostra altaneira.

Parece que a coragem ficou esquecida em tantas outras curvas do meu caminho.

Falta uma parte de mim. Justamente aquela que me impulsionava ao desafio, fazia-me corajosa, afoita...

Aquela a quem eu entregava os trofeus após as muitas batalhas.

Aquela que me acalentava nos medos e incentivava esse meu jeito indomável de querer ser guerreira. - O meu marido.

Quantos anos estávamos na estrada!

Com ele, eu sabia que podia seguir, enfrentar, ousar, pois tinha sempre o suporte de prontidão na retaguarda.

Tinha o samaritano na estrada para a ajuda certeira nas tantas quedas que levei.

Agora é difícil levantar-me sozinha.

Preciso de um colo, de um ombro para chorar.

Preciso de um cajado para me guiar.

Pensar que ele se foi para não mais voltar dói demais, torna-me órfã nesse vagar do tempo.

Agora sigo só.

Miro o horizonte e o vejo tão distante.

Fico a imaginar o Cosmos para aonde ele partiu sozinho, tão cedinho, às primeiras luzes da manhã.

É a conduta de um bom trabalhador que se apresenta na primeira hora.

Sem questionamentos, sem queixas, eu agradeço,

mas exponho meu coração dilacerado pela saudade

que não me deixa, fazendo-me prisioneira, indefesa e triste.

Não há remédio para tanto desmantelo!

Não há remédio para essa minha dor.

Espero no tempo que a tudo responde.

Hasta luego!

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 21/02/2018
Código do texto: T6260117
Classificação de conteúdo: seguro