UM DOMINGO ECOLÓGICO

Diário de minhas andanças
(19/06/2011)





Atentem para a casa da foto.Como diria aquela veterana apresentadora de TV:”Não é uma graçinha?”
Particularmente também penso assim.Mas,”graçinhas” à parte,ela representa muito na história de Irati.
Edificada há quase um século,serviu como sede do escritório de uma das pioneiras empresas do setor madeireiro do município.Implantada numa esquina do bairro denominado Riozinho e sombreada por dois gigantescos cedros sobreviveu à ação do tempo até o momento em que decidiu-se restaurá-la e transferi-la para o bosque da UNICENTRO (Universidade do Centro Oeste do PR)

com a finalidade de  transforma-la num pequeno museu daquela instituição de ensino:”Museu de Geociências Unicentro de Irati PR.
19/06/2011 - Tarde de domingo
A idéia seria tomarmos o rumo de uma cidade vizinha onde eu faria algumas fotos de igrejas Bizantinas (Aquelas cúpulas douradas de sol ainda haverão de render-me alguns textos),carroções e algumas edificações antigas nas colônias de lavradores poloneses.No meio do caminho,o desejo de fotografar o Colégio Sagrado Coração fez-me adentrar no imenso bosque da Universidade.
Fomos,meu filho,seus amigos e eu,convidados à visitar a exposição que está acontecendo nas dependências daquela “graçinha” de casa.
Assim que adentramos fomos surpreendidos pela beleza da amostra intitulada “ Os animais e a floresta com araucária”.O ambiente criado ,evocando uma floresta,não poderia ser melhor sonorizado: “As quatro estações “ escorriam pelas paredes de madeira e animais empalhados distribuídos entre troncos e folhas sêcas pareciam hipnotizados pelas notas de Vivaldi.
Nós de pinho,pinhas,musgos,cipós...Davam o tom à florestas por onde Jacu,Quero-quero,Irara,Quati,Cachorro do mato,Tatu,Gambá,Macaco e tantas outras espécies da nossa fauna posavam a beleza exótica de seus exemplares.
No alto,como que tentando um passeio alado,a “Coruja da Igreja”,também conhecida como “Suindara”.Esta chamou-me à atenção pelo fato de jamais tê-la visto,embora sendo um profundo conhecedor do folclore que campea a sua sinistra atuação.
Todo matuto teme a nefasta “Suindara”.Seu vôo noturno acompanhado de um pio que sugere o ruído de uma tesoura cortando tecido,é tido como de mau agouro.
Assim,acredita (ou acreditava) o povo do mato que o tesourar da agourenta sobre o telhado de determinada casa significa que alguém daquela família morrerá em breve.
A tesourinha da impiedosa,dentro das horas mortas,é o presságio de que em muito pouco tempo uma tesoura de metal cortará um tecido que servirá como mortalha.
Diante disso,a torcida é forte no sentido de que a indesejável passe cortando somente no telhado do vizinho.
Apesar desta sina terrível,ela é bela.Sua plumagem mistura o branco e tons que chegam quase ao dourado.O olhar penetrante vai “corujando” nossos devaneios.
A fidalguia e atendimento nos fez permanecer no local durante um longo tempo.Ao final fomos apresentados às abelhas.Uma espécie denominada “Iratim”,que é bem safadinha.
Não trabalha.Envia duas de suas mais truculentas integrantes à tocar o terror na colméia vizinha.Estas,amendrontadas fogem,deixando toda a produção de mel e cêra à disposição das mafiosas.
Mas têm também o seu lado bom. São dóceis! Não dispõe de ferrões e por isso não atacam o homem.Pelo contrário,quando tocadas deixam nas mãos que as tocaram um delicioso odor cítrico.
Despedimo-nos e fomos tomando o rumo do carro sob um céu com alguns traços de nuvens e um sol ameno dançando entre as araucárias.
Na memória o recente arquivo da beleza ecológica que nos foi apresentada.Nas mãos o cheirinho de citronela na despedida com as “safadinhas” Iratins.
Joel  Gomes  Teixeira
Texto reeditado;Preservados os comentários ao  texto anterior.



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24/06/2011 14:21 - Lilian Reinhardt
Poeta da minha terra, boa tarde! Muito gratificante acompanhar-lhe nesta caminhada ao museu Ecológico da Unicentro do Paraná. Quanto a ver-se e refletir-se. A coruja de olhos sempre acesos é também símbolo filosófico, tem Diretório academico de Faculdade que a adota. Essas abelhinhas é que são marotas e alvisareiras, porque nascer abelha só pode ser benção de alguma forma, malgrado o seu comportamento transgressor, decerto nos ensinando alguma coisa, mesmo com açucar nas asas. Adorei tudo, como sempre sua escrita nos alimenta. Grande abraço!


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23/06/2011 23:14 - Maria Olimpia Alves de Melo
Ler seus textos amorosos, sobre a sua cidade e a vida que transcende a ela, sempre me agrada muito.


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23/06/2011 21:51 - tania orsi vargas
Puxa vida Joel, gostei tanto de te acompanhar neste passeio e lamentei quando terminou. Eu tenho curiosidade de saber mais sobre os poloneses que aqui no meu estado também estão presentes mas em bem menor número.´E tem uma curiosidade próxima à minha cidade, um local subindo a serra aonde existem quatro nacionalidades em um só local, que até pouco tempo mantinham costumes bem distintos e pouco se misturavam entre si. São franceses, poloneses, alemães e suiços. E eu fiquei sabendo disso há bem pouco quando o meu filho que andou pesquisando para o curso de História me contou. Mas a história das abelhas hein? Lembrei daquele passarinho que ocupa o ninho dos outros pra deixar seus ovos. Será que isso nos diz que certos maus comportamentos podem ser apenas erros da natureza? __________Um grande abraço pra ti!


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23/06/2011 08:44 - Juli Lima
Bom dia! Uma viagem por seus olhos. Bj poesia


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22/06/2011 23:47 - Giustina
Conheci algumas "corujas de igreja" na minha infância, mas não crio serem do mesmo tipo que descreves. Quanto as abelhas, para mim é novidade. Abelha sem ferrão? Mas, mesmo assim, são danadinhas... onde será que aprenderam a "roubar" os outros... rsrsr? Estive comentando tuas crônicas anteriores. Há tempos te devia uma visita. Grande beijo e bom feriadão.


22/06/2011 17:36 - Angela M. Lara [não autenticado]
Domingo último fomos brindados com visitantes interessados e simpáticos, o que faz valer nosso trabalho. O Museu de Geociências da Unicentro, hoje instalado no antigo escritório de contabilidade da família Anciutti, doado à Universidade,traz mais um pouco de história a essa casa, dessa vez a história da nossa rica fauna local que está ameaçada e é patrimônio de todos! A equipe do museu agradece a voce Joel, pela presença e pelas belas palavras!


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20/06/2011 14:12 - Lenapena
Ah, sempre um prazer vir aqui. Sabe, lá no Monjolinho, as corujas é que faziam o papel da Suindara, que alias nem conhecia, aprendi mais uma por aqui. Quando uma coruja parava no telhado de uma casa da vila. Ah, era aquele pavor de seus moradores, que apressados, tentavam espanta-la. Crendices a parte, que bela foto, e lindo passeio. Um abraço e otima semana.


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20/06/2011 11:23 - Anita D Cambuim
Que passeio instrutivo! Valeu aprender com você um pouco mais da fauna da sua Terra. E eu aqui pensando,o quanto são sábias as abelhas iratim capazes de persuadir, sem ter que guerrear. Boa semana. Parabéns por sua excelente crônica.


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20/06/2011 10:35 - YARA FRANÇA
Amigo, conheço de nome suas ervas citadas no comentario em meu escrito. São sim ervas do sul, típicas desse clima. Aqui é quente mesmo e as ervas são diferentes. Quanto á este txt, amo tudo q se relaciona com natureza. A corujinha cinza e branca q, segundo crendices, traz mau agouro, é aqui conhecida como "rasga-mortalha" e realmente ela costuma habitar lugares altos ecomo campanarios de igreja, dai seu outro nome de 'coruja de igreja'. tenho amado seus txt porq falam da historia e clima de sua cidade/região, num tom diferente. segundo meu finado pai,são "historias que a historia não conta".


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19/06/2011 21:32 - Lili Maia
Quando você conseguir visitar as cúpulas douradas, creio eu que seja em Prudentópolis, por favor coma uma bela fatia de "Cracóvia" por mim. Gracinhas mesmo são essas abelhas... Também quero uma colmeia prontinha só prá mim. Não é uma boa ideia? Estou amando suas fotografias! Boas letras e beijos daqui