A LIBERDADE E O MÁRTIR.

No correr dos ciclos da humanidade muitos foram perseguidos por amor à justiça, apego às liberdades, combate aos inimigos da liberdade pessoal.

O primeiro mártir que sofreu horrores na condição de homem por amor à justiça e à liberdade de escolha, sendo seu paradigma, foi Cristo.

Prócula, mulher de Pôncio Pilatos, vaticinou para a autoridade romana que julgava Cristo, o sonho que tivera.

Antevia o sofrimento de uma mãe, Maria, e disse: “Pilatos! Não reajas contra o destino! O destino avisou-te pelo meu sonho”, fala em tom dramático com as mãos na cabeça.

Por que fizeram os deuses os homens livres? Eles se tornaram mais fortes que o destino. “Pilatos! Não te manches no sangue do Justo!” Fala olhando Jesus. "Este sangue, que ao menos ele sirva para te libertares do maior dos crimes."

Não libertou, a história responde, e condena.

E a resposta negativa ocorre pelo cerceamentos das liberdades.

O amor à justiça no implemento do respeito às liberdades e sua decorrente perseguição é das mais marcantes páginas da história, a que encerra os mais meritórios e modificadores movimentos em prol da humanização do homem para realização de sua possível felicidade. Mas a restrição das liberdades continua a fazer escola e pontuar alguns rincões.

A vaidade que recusa a recepção do amor ao próximo, à sua liberdade individual, é mais forte que a fome e que o interesse material prontamente realizado. E ela está enraizada fortemente nas sementes do mal, na recusa das liberdades ainda visível nas mentes menos aparelhadas. Merecem a nossa repulsa e integral intolerância. Não se pode tolerar a intolerância com a liberdade individual.

Mais vale a prevalência do arbítrio da vontade que desserve a intolerância com a liberdade, do que o bem que estabelece a doação e o reconhecimento do semelhante como irmão em igualdade, a mesma igualdade em liberdade que desconhece.

O Precioso Sangue de Cristo, doado para as liberdades de escolha, continua derramado do Gólgota pelos séculos afora resistindo os parvos em recusar essa Santa Imolação.

O vaidoso propaga suas crenças pequenas e maléficas, e o faz de forma insciente, desmotivada e injusta com o maior valor humano, a liberdade.

Estão acima de qualquer valor. São pequenos nas medidas que equalizam valores. Compreendem-se suas limitações neuronais, mas não tolera-se.

Os mártires, os perseguidos por pretenderem fazer justiça pela liberdade individual, continuam ignorados por este lado nefasto que pontilhou a história de crueldades. E não podem ficar sem voz. Já se foram.

Deram suas vidas por este objetivo, vida com liberdade de escolha.

João Paulo II falava com freqüência aos cardeais, padres e fiéis, sobre o martírio aos quais dirigiu suas encíclicas. E ele definia o martírio como “a mais alta demonstração da verdade moral para a qual poucos são chamados”, “era o auge da disposição de morrer pelo esplendor da verdade”. E verdade é ser livre, a primeira verdade humana que dá dignidade.

Esse seu entendimento, “o sangue dos mártires é a semente dos cristãos”, dizia. Se voltarmos ao passado, veremos o quanto de verdade existe na afirmação.

A luta do mártir é prazer e alegria, seu flagelo o incenso que embriaga, sua ideologia o altar do sacrifício que levará sua bandeira a tremular sempre após seu martírio, e que restará como símbolo de quem sacrificou-se por valores consideráveis para todos capitaneados pela liberdade individual, de existir e ser.

Martírio e mártir são elementos da mesma peça, que no teatro da história inscreveram os nomes que sempre serão cultuados pela nobreza das ideias defendidas, que não restringem liberdades, e pelas quais morreram personalidades destacadas.

Este o primeiro movimento, defender a liberdade, nunca defender ideias que retiram liberdade. A liberdade retira o direito de defender por qualquer ideia sua negação. Seria a didática do erro, a recusa do princípio básico da consciência.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/02/2018
Reeditado em 20/02/2018
Código do texto: T6259475
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