Um sonho impossível.
Um sonho impossível.
Vinha a caminhar pela Ladeira do Batista e a minha frente vinha um homem e uma mulher, ambos dependentes químicos numa conversa pra lá de psicodélica, por alguns momentos mergulhei de cabeça naquele papo e comecei a perceber os efeitos que as drogas nos faz sentir.
O poder que aquele homem e aquela mulher possuía era fora do normal, a conversa era inteligente, num momento eles eram megalomaníacos, em outro momento iam viajar para Dubai em primeira classe.
Eles estavam no topo do mundo, me reportei a um personagem que o Daniel Filho interpretou onde ele tinha mania de grandeza, de poder e de superioridade, quando se viu acuado e que ia morrer ele gritou: “Mamãe eu estou no topo do mundo”, assim era aquele casal, eles estavam no topo do mundo.
Não uso drogas, mas confesso que interagir com pessoas dependentes químicas nos dar a sensação de que também estamos sob o efeito de algo sobrenatural que não sei explicar o que é.
Eles gargalhavam, fediam muito, pelo o emaranhado dos cabelos só haviam penteado os mesmos em mil novecentos e lá vai pedrada.
Ela gritava: “Vamos que a limusine está a nossa espera à frente da nossa quinta.
De repente ele para, põe a mão no ombro da mulher e diz: “Agora falando sério, amanhã vou ao banco e farei um empréstimo de quinhentos mil euros e fico pagando as prestações com o subsídio que ganho do governo, não é muito mas pronto”.
Pensei: Que sonho impossível, vejo empresários à rasca para fazer um empréstimo de dez mil euros, só uma pessoa sob o efeito de drogas pode acreditar nisso, seria mais fácil o mar secar do que o banco conceder um empréstimo a tais pessoas em tais condições.
Eles já estavam na transição onde o efeito da droga já estava passando, foi quando caíram na real e começaram a chorar. Ela gritava: Que merda de vida, não aguento mais, onde vamos dormir hoje? Ele responde: Debaixo da ponte Pedro e Inês com o nosso cão que já lá deve estar a nossa espera.
Ele disse: Vamos abrir hoje o contentor de lixo do Burger King que lá há comida sempre!
Cai também na real e conclui:
Dois zumbis, dois trapos, dois farrapos (...)
Velto Silva