CARÁTER

Vamos refletir bem rapidinho sobre o caráter?

Caráter é uma palavra de origem grega, (charasso), gravar, carimbar, sinal indelével. É o modo de reagir e de sentir próprio de uma pessoa. É o traço que a diferencia dos outros, marcando a sua personalidade.

O caráter é um conjunto de toques ou traços escolhidas na infinita diversidade dos comportamentos de um indivíduo tal como vão se esboçando sua constância e sua coerência, um rosto fácil de reter o reconhecimento, primeiro reflexo do geral no particular.

O caráter é o conglomerado de comportamentos, atitudes, valores, crenças, ações que configuram a personalidade. É o tanto aquilo que os outros veem, pensam e creem da pessoa quando aquilo que ela pensa, crê e vê de si mesma. Essa visão, esse tecido de crenças que se tem pode estar distorcida pela perspectiva, pelo sofrimento, pelo meio ambiente, pelo grau de maturidade da pessoa, e está sempre sujeito a revisão, em crescimento e em mudança, apesar das constantes.

A pessoa é definida a partir de si mesma e a partir dos outros, a partir do seu caráter. Transformando-se assim num conceito que transcende o de consciência, o de sujeito, ou do de indivíduo, e aproximando-se daquele de atitude, com dois critérios de definição: o de crise e o de compromisso.

O caráter é a explicação base que esgotaria a significação de um fato psicológico. “a pessoa é a unidade significativa, e o caráter, a forma geradora e determinante de uma melodia estrutural (P. Ricoeur). A verdade do autoconhecimento possibilita a força de auto avaliação, a autoestima, o amor devido a si mesmo, condição sine qua non para ser pessoa. Pois ninguém pode amar o outro se não ama a si mesmo. Se a pessoa pensa que não pode ser amada, porque há defeitos no seu caráter, que lhes são censuráveis, como poderá aceitar, querer e sentir como amável, como poderá aceitar, sentir, amar os defeitos dos outros? (Sto. Agostinho).

No caráter, o ator moral é tão se não mais importante do que o fator psicológico. Para o equilíbrio pessoal elementar mais necessário, um mínimo de segurança moral do que um mínimo de segurança física. A consciência dos valores ocupa o primeiro lugar na constituição da pessoa.

O caráter futuro que deve dar forma ideal à pessoa humana exige os traços da não violência, da vontade de querer e ser querido tal qual se é, do esforço no trabalho colaborador e comunitário, da abertura para a esperança, da aceitação de si mesmo em suas potencialidades e limitações, do combate às injustiças e o desejo de que todos sejam felizes, cada um ao seu modo.

Não há pessoa humana sem crise, uma crise que a conduza a um autojulgamento, na qual possa ser avaliada a coerência consigo mesma, que exija uma decisão que pese em termos de responsabilidade. A tentação de fugir da crise e não fazer frente a ela, o que significa não amadurecer.

O caráter tem uma perspectiva metapsicológica, transpõe a tónica do dado para o querido, ou mais exatamente, da determinação para a orientação pessoalmente assumida. O caráter da pessoa não é o que ela é em si mesma, no sentido de que um instantâneo psicológico pudesse deixar todas as determinações caducas. Mas é sim uma forma de um movimento dirigido para um futuro consagrado a um ser-mais. É o que a pessoa pode ser mais do que ela é. Caráter é algo indelével, carimbo, algo que impregna.

É isso aí!

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 19/02/2018
Código do texto: T6258090
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