Refletindo sobre Cuba, amor e ódio
Dartagnan, meu amigo, Você sabe que sou uma pessoa defensora da liberdade de expressão, não questiono nunca uma opinião, como dizia minha vó: “opinião é que nem nariz, cada um tem o seu”. Mas a cada leitura eu me posiciono para mim, faço reflexão, e não é raro eu mudar de ideia, já disse aqui que sou uma metamorfose ambulante, não tenho problema nenhum em mudar meu pensamento desde que eu saia convicta de: “ é melhor eu rever isso”.
Confesso não conhecer a terra dos Castro, e não penso em gastar meu dinheirinho por lá, tão cedo, hoje penso assim, amanhã não sei... Mas durante a leitura do seu texto, eu fiquei me preparando para posicionar-me no pós, e cheguei a conclusão de que era hora de me questionar: por que os cubanos fogem de Cuba em travessias perigosas (hoje menos) e muitas vezes trágicas? Por que as pessoas que visitam Cuba voltam fascinadas (é importante observar esse ponto com carinho)? Por que ensinamos nas escolas, às nossas crianças, a importância da cidadania: liberdade de ir e vir, de falar o que pensamos, de ser o que queremos... E isso, quando eu falo, eu falo com paixão, eu acredito nisso. E diante do seu texto, só posso entender que nosso Brasil está pior do que pensamos; que é impossível ter comida, saúde, educação e usufruir de toda tecnologia que o mundo atual dispõe e que facilita nossa vida, ou seja, caminhar na velocidade que o mundo exige.
Nessa manhã de pós-intervenção, o que me preocupa muito, exatamente por pensar em Cuba e em nossos vizinhos venezuelanos, “fugitivos” que lotam Boa Vista, que, de vista boa não tem nada, pelo menos no momento em que estive lá, há três semanas.
Dartagnan, é como parceira de escrita que quero falar pra você de mais uma preocupação minha, será que teremos saudade do Brasil das balas perdidas? Dizem que em Cuba, balas não são perdidas, são achadas muito fáceis é só abrir a boca. Assim sendo, meu amigo, penso que nós dois não sobreviveríamos pra contar o que pensamos da Ilha da fantasia, dos sonhos enterrados há décadas, dos mortos nos paredões e as causas delas (é o meu pensamento). Tenho muito medo de o Brasil seguir esse modelo que usamos por muito tempo e ainda não nos desfizemos dele, ele está guardado no nosso congresso, na cabeça de muito dos nossos políticos, na verdade ele está vivendo entre nossos poderes ganhando força e robustez, e muitos não estão percebendo.
Fora tudo isso, seu texto alcançou o objetivo que é proporcionar a reflexão, por o dedo na ferida, arrancar a máscara, registrar a história do homem naquele momento da tessitura. Parabéns pra você, eu gosto de ser tirada da minha comodidade, que me obriguem a pensar, refletir sobre meus conceitos e opinar enquanto não nos tiram esse direito.
Um domingo lindo pra você e que continue nos presenteando com seus textos de muito bom gosto, principalmente os polêmicos . Inté.