Que saudades da Menina Veneno!
Não tem jeito, de vez em quando bate uma saudade ( aquela saudade de doer ), mas aí eu entro na máquina do tempo e vou viajando por algumas dimensões que guardam lembranças, e volto aos bons e velhos anos 80. Na década de 80, quando o mundo estava "de pernas pro ar", aqui, de norte a sul, de leste a oeste, "todo dia era dia de rock": o majestoso rock reinava soberano no cenário do "novo Brasil". Tempo em que a música irreverente não perdoava ninguém, a tiração de sarro comia solta pelas bandas da Terra Tupiniquim. Apesar das mazelas políticas e econômicas dessa época de "vacas magras", a gente era feliz e não sabia. Esta década memorável, deixou um "gostinho de quero mais"... Êta "década perdida" boa!
Quem não se lembra do impagável programa de auditório, das tardes de sábado, do Velho Guerreiro? Quem não se lembra das séries inesquecíveis que embalavam as nossas fantasias e emoções quase todas as noites? Quem não se lembra do He-Man, o herói de Etérnia, e seu famoso bordão "Pelos poderes de Grayskull... Eu tenho a força!" Quem não se lembra das peripécias incríveis da viúva Porcina e Sinhozinho Malta na antológica novela Roque Santeiro? Quem não se lembra do humor ácido e inconsequente da TV Pirata- a menina dos olhos de todo saudosista dos anos 80? Quem não se lembra do diabólico e desafiador quebra cabeça de plástico colorido chamado "Cubo Mágico"? Quem não se lembra do "Moonwalk", o passo de dança em que o Rei do Pop, Michael Jackson, andava para trás dando a impressão de que estava andando para frente no clipe histórico Billie Jean? Quem não se lembra do mega-hit Menina Veneno, cantado pelo surpreendente e genial cantor anglo-brasileiro, Ritchie?
Naquele tempo sem internet e pouco dinheiro no bolso, a moda da vez era ser pop. Todo mundo era pop! Os anos 80 foram pop do "princípio ao sim", ou melhor dizendo, "fim"... Até o papa ganhou um toque psicodélico e se transformou em um ícone pop. Como dizia Humberto Gessinger, líder da banda Engenheiros do Hawaii: "O pop não poupa ninguém". Cruzes, crucifixos, lantejoulas brilhantes, paetês, purpurina, lycra, estampas, ombreiras, polainas, faixas, glitter, poliéster, neon, legging e claro, o maldito "cabelo ninho de passarinho" compunham o visual New Wave. A moda dos anos 80, sem dúvida alguma, foi a pior moda de todos os tempos. O modelito da Madonna era de doer! Mas em compensação, a música dos anos 80 tornou-se sinônimo de bom gosto e qualidade, foi simplesmente magistral! Existe coisa mais linda do que aquela música da banda Alphaville "Forever Young"? Quem nunca dançou coladinho ao som desse mega sucesso? Tirando a moda espalhafatosa, anos 80 foi tudo de bom!
Naquele tempo sem celular e pouco dinheiro no bolso, sobrava bastante tempo para curtir a família. Para mim os anos 80 foram e serão sempre lembrados como a "década da família"! Como dizia aquela música genial dos Titãs: " Papai, mamãe, titia, família almoça junto todo dia. Nunca perde essa mania"... A minha família nos anos 80 era um barato. Papai era o dono da grana, mamãe era a dona da casa e titia era a dona da fofoca. Também não posso deixar de mencionar os meus pentelhos e adoráveis irmãos. Uns tinham talento para a música, outros tinham talento para os esportes, mas todos, inclusive eu, não tinham talento algum para pegar no "batente".
Brincadeiras à parte... Eu tenho um apreço muito especial por esses anos abençoados da década de 80, pois, nesta época, todos os meus entes queridos e amigos mais próximos estavam vivos, e com saúde para dar e vender. E para coroar a minha felicidade, foi exatamente nesta década que ganhei o maior presente que um homem poderia ganhar em sua vida: meu "bobi filho" chegou... É muita felicidade para uma década só! Já não se faz felicidade como antigamente! Que saudades da Menina Veneno!