UTOPIA.
Certa vez, movida por minhas crenças e na estranha mania de acreditar, escrevi um texto onde reforçava meus sentimentos e minha teimosia em levar adiante a tentativa de poder confiar em minhas próprias palavras de otimismo e esperança.
Ter nascido e crescido sob grades de proteção e acolhimento, muitas vezes, nos dá a impressão e sensação de que jamais seremos alvos das agruras da vida. No entanto, cedo ou tarde nos damos conta de que nada é absolutamente seguro. A vida exige preparo, exige coragem, atitude, decisão e iniciativa.
Vez ou outra, sentimentos nobres como: bondade, confiança, compreensão e outros mais, devem ser arquivados temporariamente, para que estrategicamente nos armemos na busca pela sobrevivência. Hoje entendo que esse processo de tentar salvar a si mesmo, quanto mais cedo começar, melhor. Nunca sabemos com total precisão de onde partirão os tiros. Podem partir de onde você menos espera.
Os mais sensíveis certamente serão os mais atingidos. Os fracos de alma que inadvertidamente abrem mão da guarda e se mostram por dentro, são alvos de extrema facilidade para o abate...infelizmente.
Vida e morte, apesar do aparente antagonismo, carregam características comuns; exigem coragem. E essa coragem deve ser fortalecida já na infância. Proteção demais desarma e anula seu potencial de defesa contra um possível ataque inimigo ou, contra você mesmo. Assim como protegemos o organismo contra possíveis e invisíveis invasores, devemos do mesmo modo, proteger a alma, para que vida e morte não coabitem num mesmo corpo.
A vida ora, nos ensina e fascina com tamanha beleza ora, nos cobra impiedosamente pelos erros cometidos, tenham sido eles intencionais ou não. Viver exige bravura, escudos e armaduras. Tentar a transparência num mundo onde prevalecem a ignorância, a falta de entendimentos, a mancha escura encobrindo corações, é tão utópico quanto minhas ingênuas palavras cada vez mais transparentes, apagadas e perdidas no meu próprio acreditar.
Elenice Bastos.