História de menino

Certo dia meu pai ordenara que eu fosse a Belo Horizonte comprar-lhe uma peça para seu automóvel a preço de banana, separara o dinheiro da passagem, da estadia e o que era para aquisição da peça propriamente dita.

Tinha apenas doze anos de idade. Parti para a beira da estrada fiquei a espera do ônibus que quase sempre passava atrasado; depois de algum tempo ouvi no silêncio do grotão o ronco do motor que impulsionava e fazia o ônibus andar em disparada, fiz o sinal característico e numa freada brusca o ônibus parou. Entrei, paguei a passagem, sentei e o ônibus a viagem continuou a paisagem da janela meu coração deslumbrou, andara, andara até que à bela cidade o veículo maltratado chegou.

Fui logo, da rodoviária, comprar a peça, em seguida á casa do meu tio-avô para no dia seguinte retornar à minha cidade natal despedi-me de todos da casa, retornei à rodoviária trazendo embaixo do braço a peça, mas veja o que aconteceu: entrei no ônibus pus a peça no bagageiro interno, sentei-me parecendo um doutor, sentindo-me uma verdadeira majestade. Andara, andara até que depois de muitas horas em minha cidade o ônibus chegou...

Do ônibus desci e fui correndo para casa onde estavam meus amores, meu pai se aproximou e perguntou-me: - Comprou a peça, menino? o caminhão está parado e eu não tinha feito o seguro de Lucro Cessante no momento em que ela se quebrou. Desesperado eu o respondi: pai, a peça eu esqueci dentro do ônibus! O velho quase desmaiou, depois se recompôs e disse: - quer dizer menino que nada adiantou, gastou todo meu dinheiro e a peça que era minha necessidade maior não chegou! Calado eu fiquei, dei-lhe o troco que sobrara, foi do outro lado da rua e a peça comprou, pôs no caminhão e foi trabalhar.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 27/08/2007
Reeditado em 27/08/2007
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