QUE MERDA É ESSA?

Tenho sérios problemas com uso do banheiro para o “número dois”, uma necessidade que, no meu caso, exige silêncio, tranquilidade e tempo. Muito tempo.

Atenta a recomendações médicas mantenho uma dieta relativamente equilibrada com a inclusão de alimentos ricos em fibras, frutas, legumes e verduras. E a quantidade mínima de água diária também é algo que cumpro, na medida do possível.

Outra importante medida adotada foi a reeducação do meu relógio biológico. Acertei seus ponteiros para todas as manhãs, antes do banho, quando consigo, de certa forma relaxada, dar cabo daquele material indesejado.

Usar banheiro coletivo para tal necessidade, só em último caso. Eu não consigo, é muito difícil! Vozes de pessoas conhecidas fazem o “negócio” voltar da porta de saída. Na empresa, então, isso é perturbador. Você mal entra, já vem uma mãozinha virando a maçaneta. Travo totalmente! Imagino a usuária seguinte especulando esse meu tormento tão particular, e tão complicado.

Pois bem. Apesar do reloginho, às vezes acontece de eu perder a hora e ter que sair com aquele incômodo para o trabalho. Foi num dia desses de atraso, que, não suportando segurar, me enchi de coragem e fui “arriar a massa” no meio do expediente.

O procedimento em si foi até rápido, quase uma explosão, pois eu havia segurado até sentir o encaixe, temendo demorar e o mundo saber o que eu estava fazendo no banheiro. Mas, para minha derrota, ao dar a descarga, restou no vaso uma bolinha flutuando na água.

Nada a ver! Como é possível descer a parte mais volumosa e ficar aquele negocinho? E eu não podia deixar aquilo ali, de jeito nenhum! Apertei de novo o botão da descarga, mais litros de água circulando, e a maldita bolinha dançando, resistente.

Insistindo, dei a terceira descarga. E outra vez acompanhei aquela coisa pequena, que me mantinha ali, como refém. “Diacho! Que merda é essa?”, pensei, o pânico tomando conta de mim, temendo que no corredor pudesse haver alguém, ouvindo todas aquelas descargas, provavelmente imaginando o que havia acontecido, fazendo seus julgamentos, invadindo minha privacidade.

Quarta descarga. Água girando, girando, girando; bolinha seguindo, seguindo, seguindo... e eu, quase chorando, mentalmente implorava “desce, desce, desce, desgraça!”

Até que enfim desceu. Eu estava livre, podia finalmente me retirar e seguir a minha vida normalmente (embora não restasse nenhuma dúvida a quem interessasse quanto ao que eu tinha feito ali).

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 16/02/2018
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