________ A Chave do Mistério
Pouco depois das dez decido ir pra cama. O dia seguinte começa às seis e dormir mais cedo é o mais sensato. Como sempre, verifico portas e janelas, naquela checagem básica, antes do apagar das luzes. Ainda bem! Percebo que a porta da sala da frente está aberta, e hoje em dia, tá um perigo deixar qualquer porta ou janela abertas, pois quando menos se espera, olha o visitante noturno — e sempre inoportuno, adentrando a residência e surrupiando até o pano de prato da cozinha.
Vou à sala de TV, onde ficam as chaves da casa, e retorno à porta da frente. Para economizar tempo já levo o de costume, garrafinha com água e o celular, que normalmente desligo, mas gosto de ter por perto. E é assim, com as mãos ocupadas, que tento trancar a porta. Foi mal! No descuido do movimento, a fechadura emperra. Coloco de lado o que tenho nas mãos e me dedico à porta. Nada. A chave entra, mas não roda. A lingueta embirra recolhida dentro da fechadura. Que coisa!
Nestas horas a gente tenta de tudo. Arranjo outra chave e tento girar as duas ao mesmo tempo. Nada. A coisa tinha sido mesmo séria. Intimamente, amaldiçoo minha preguiça em fazer o "trancamento" com mais zelo. Sim, empurrei a chave de qualquer maneira, mas fechadura é um bicho delicado, quem não sabe disso? Os cilindros, os miolos, sempre são facilmente emperráveis! Quem mandou ser negligente? Agora, o problemão em hora que até os chaveiros se trancam para o mundo. Danou-se!
Dormir com a porta destrancada? Ah, não dá pra dormir! Certeza de passar a noite em claro, claro! Bem feito! Quem manda? Penso em desmontar a fechadura, nem que seja pra ver de perto o mistério que a impede de rodar. Tento um desparafusamento. Inútil! Consigo tirar uns parafusinhos à toa, mas o resto, quem diz? Nunca imaginei que minha fechadura fosse tão fortemente parafusada, uau!
Lembro do Google. Lá, sempre se tem alguma solução pra tudo. Ligo o computador, vou aos tutoriais que tratam do único tema que me interessa nesse instante: fechaduras. Algumas sugestões me atraem: clips, grampo de cabelo e pinça de sobrancelha — tem até uma dica que manda esquentar a chave, mas desta suspeito desde o princípio. Como imaginar que o “esquentamento” de uma chave possa resolver problema de fechadura travada? Nem de longe. Mas com as outras alternativas também não tenho sucesso. Minha fé nas soluções Googlerianas vem de uma vez que consegui abrir um cadeado, mas desta vez a coisa vai além, bem mais. A fechadura decretou mesmo greve geral: não rodo, não rodo e não rodo!
Pois muito bem, me conformo: vou passar a noite em vigília, com sono picadinho e tudo, assaltado por sobressaltos imaginando um ladrão na casa a cada barulhinho — quem consegue dormir tranquilo, com a porta da frente destrancada madrugada afora? Sem chance. É quando olho incidentalmente para o braço do sofá e minha cabeça dá um estalo: a chave! A chave da porta da sala tem um chaveiro com trevo, e esta que não roda, não gira, não faz nada é de girafinha: é da sala de TV! Bora, dormir sossegada? E boa noite!
Pouco depois das dez decido ir pra cama. O dia seguinte começa às seis e dormir mais cedo é o mais sensato. Como sempre, verifico portas e janelas, naquela checagem básica, antes do apagar das luzes. Ainda bem! Percebo que a porta da sala da frente está aberta, e hoje em dia, tá um perigo deixar qualquer porta ou janela abertas, pois quando menos se espera, olha o visitante noturno — e sempre inoportuno, adentrando a residência e surrupiando até o pano de prato da cozinha.
Vou à sala de TV, onde ficam as chaves da casa, e retorno à porta da frente. Para economizar tempo já levo o de costume, garrafinha com água e o celular, que normalmente desligo, mas gosto de ter por perto. E é assim, com as mãos ocupadas, que tento trancar a porta. Foi mal! No descuido do movimento, a fechadura emperra. Coloco de lado o que tenho nas mãos e me dedico à porta. Nada. A chave entra, mas não roda. A lingueta embirra recolhida dentro da fechadura. Que coisa!
Nestas horas a gente tenta de tudo. Arranjo outra chave e tento girar as duas ao mesmo tempo. Nada. A coisa tinha sido mesmo séria. Intimamente, amaldiçoo minha preguiça em fazer o "trancamento" com mais zelo. Sim, empurrei a chave de qualquer maneira, mas fechadura é um bicho delicado, quem não sabe disso? Os cilindros, os miolos, sempre são facilmente emperráveis! Quem mandou ser negligente? Agora, o problemão em hora que até os chaveiros se trancam para o mundo. Danou-se!
Dormir com a porta destrancada? Ah, não dá pra dormir! Certeza de passar a noite em claro, claro! Bem feito! Quem manda? Penso em desmontar a fechadura, nem que seja pra ver de perto o mistério que a impede de rodar. Tento um desparafusamento. Inútil! Consigo tirar uns parafusinhos à toa, mas o resto, quem diz? Nunca imaginei que minha fechadura fosse tão fortemente parafusada, uau!
Lembro do Google. Lá, sempre se tem alguma solução pra tudo. Ligo o computador, vou aos tutoriais que tratam do único tema que me interessa nesse instante: fechaduras. Algumas sugestões me atraem: clips, grampo de cabelo e pinça de sobrancelha — tem até uma dica que manda esquentar a chave, mas desta suspeito desde o princípio. Como imaginar que o “esquentamento” de uma chave possa resolver problema de fechadura travada? Nem de longe. Mas com as outras alternativas também não tenho sucesso. Minha fé nas soluções Googlerianas vem de uma vez que consegui abrir um cadeado, mas desta vez a coisa vai além, bem mais. A fechadura decretou mesmo greve geral: não rodo, não rodo e não rodo!
Pois muito bem, me conformo: vou passar a noite em vigília, com sono picadinho e tudo, assaltado por sobressaltos imaginando um ladrão na casa a cada barulhinho — quem consegue dormir tranquilo, com a porta da frente destrancada madrugada afora? Sem chance. É quando olho incidentalmente para o braço do sofá e minha cabeça dá um estalo: a chave! A chave da porta da sala tem um chaveiro com trevo, e esta que não roda, não gira, não faz nada é de girafinha: é da sala de TV! Bora, dormir sossegada? E boa noite!