INVEJA. MAIS VELHA QUE A HUMANIDADE.

Para Aquino a inveja nasceu com o primeiro pecado cometido pelos Anjos que se insurgiram contra Deus.Perdão aos céus pela minha ousadia, estariam antes de Caim?

Caim é o marco da inveja bíblica, e levou sua inveja marcada para não morrer novo e expiar, expondo-a.

Aos anjos maus que perambulam no mundo se creditam pecados de consciência, acometidos em seus DNAS. É o que nos passa a história sagrada, os livros escritos pelos homens sobre a divindade.

Neles, nos anjos maus, perseveram, inveja, soberba e ausência de caridade. É natureza espiritual. E São Tomás em sua cátedra quase milenar e reverenciada por todos é severo: “o primeiro pecado dos anjos maus não pode ser outro se não o da soberba (Suma Teológica, I, q. 63, a. 2).

Orgulho (sempre injustificado, pela própria fonte e raiz) ou soberba, é um pecado do espírito. Segue-se a inveja.

O anjo pretende exclusividade, grandeza única, ensombrada pela grandeza de outrem, como em Caim e Abel ocorreu a inveja, maculando o primeiro.

Em Tomás de Aquino o pilar principal do mal é o orgulho ou soberba, um orgulho sem pilar, soberba lodosa, é pecado do espírito, como gosto de conceituar, do “caput”, da cabeça. São Tomás o conceitua como pecado da consciência. A soberba bem como a inveja estão isolados na configuração tomista de serem pecados exclusivamente espirituais. Portanto pecados, faltas de grande dano pessoal. Vagam pelo mundo, reclamando. Não andam com as próprias pernas, aleijados morais.

São Tomás em II-II, qq. 23-46 da Suma Teológica, questão da virtude teologal discorre sobre a caridade e a coloca de frente com os seus contrários. A caridade sempre esbarra na consciência pequena da inveja alimentada por frustrações e ausência de capacidade para progredir.

Considera na “Quaestio Disputata De Malo”, os confrontos dialéticos abordados em Roma em 1266-67 e em Paris, nos idos de 1269-70.

Na “Catena Áurea”, como versado em grandes hermeneutas, São Tomás esgota o tema e vai ao ápice comparando a inveja a uma traça que corrói ocultamente as vestes. Entende que ela mata a humanidade, pois mata o amor. E ela, a inveja, se esconde na falsidade que se faz de amiga servilmente.

Dizer o quê diante do grande mestre, sim, divide sempre, nunca aglutina. Cinde a união que faz a humanidade irmã. E alerta o Santo-filósofo: “a inveja queima e tortura: “torturados de inveja, queimados de inveja” (Catena Áurea. In Mt cp 21 lc 4). e se voltam contra o mundo. O mundo os persegue.

Mateus refere sobre a ceguidade da inveja e diz que ela morde: “Alguns estavam mordidos de inveja” (Mt, 20).

São Tomás de Aquino era da ordem do Decálogo, onde os princípios se fundamentam diante dos aspectos, contrafeitos, negativos. A ligação e interação eram analisadas. As virtudes se assentavam em um organismo espiritual, onde os sentimentos estão apoiados no sistema espiritual que é inseparável da caridade.

O estamento moral é ciência das virtudes necessitadas praticar, evitados assim os vícios. A bússola é a consciência, irmã do espírito, filho da alma.

A teologia moral é virtude da caridade, a base da escola do Filho de Deus. Aquino confronta os vícios que lhe são opostos. É nesse anfiteatro que trata sobre a inveja.

Nos apiedemos das almas dos invejosos, pecado mais velho que a humanidade. Eles são e sempre serão almas pequenas.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/02/2018
Reeditado em 15/02/2018
Código do texto: T6254527
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